Por mais que confiemos que as pessoas são frutos de uma cadeia de evolução, às vezes o gesto do ser humano diz exatamente o contrário; que nós somos sim, frutos de uma cadeia cada vez mais regressiva.
 
As pessoas leem como querem ler, interpretam a leitura ao bel prazer, e ejaculam julgamentos públicos sem o menor critério lógico ou senso crítico, e só aceitam como respostas, meticulosamente somente o que lhe agrada, e todo o restante é abjeto, censurável...
 
O Brasil inteiro viu o drama midiático acerca da Cervejaria Baker e a “SUPOSTA” crise que vitimou uma pessoa, após ela ter ingerido a cerveja Belorizontina. O caso está sendo tratado como “a doença misteriosa”, e depois que o caso eclodiu na mídia, haja bobagem postada na rede.
 
O primeiro alarde ocorreu ainda nessa semana com milhares e milhares de postagens CONFIRMANDO que se tratada de Leishmaniose. Teve postagem de médico, de delegado, de sacristão, da porta dos fundos, dos diabos afirmando: Lavem tudo em sua casa, porque a doença do rato foi confirmada na cerveja infectada. Eu moro nas cercanias do bairro famoso, o Buritis, e dos meus amigos, mais de 20 mandaram para mim o alerta CONFIRMADO do surto de Leishmaniose...
 
Dois dias depois, o que era CONFIRMADO ser Leishmaniose, não era mais. A Doença Misteriosa que já matou um e deixou oito na UTI, agora tinha outra razão, a Cerveja Belorizontina, que é fabricada pela Cervejaria Baker. Um laudo com a logo da Polícia Civil, e as informações CONFIRMADAS, começaram a viralizar nas redes sociais. Eu recebi umas trinta mensagens no celular e no computador, mais umas quarenta marcações no meu nome, para eu ter certeza.
 
Diz a Polícia Civil de Minas Gerais que um componente químico chamado “dietilenoglicol” foi encontrado em 04 (quatro) garrafas da cerveja consumida pelas vítimas, mas a própria polícia afirma que não pode precisar ainda que foi isso que causou a debilidade corpórea que matou um. Um perito da USP veio com urgência para auxiliar na necropsia da vítima mortal, mas um laudo conclusivo ainda não foi elaborado.
 
Mas isso foi o suficiente para causar um espanto generalizado, e enfim, começou a Terceira Guerra Mundial, pelo menos aqui em Belo Horizonte. Já tem gente se espezinhando para ser o primeiro a comentar sobre o caso, e se houver alguém que não pense diferente, inicia-se uma chuva de ofensas, áudios coléricos, dedos virtuais apontados na cara, enfim, a rede social virou um octógono de MMA...
 
Eu caí na bobagem de publicar num comentário de uma amiga, que ainda tenho em casa a Cerveja Belorizontina e irei beber todas as garrafas, e logo em seguida, se as ofensas não fossem virtuais, eu já estaria morto, mas não pela ingestão da cerveja.
 
Uma pessoa que eu nem conheço, Graças a Deus, mas que tem meu contato de WhatsApp, infelizmente, me mandou dois áudios hostis, com o tom de voz exaltado com teor de reprovação, e em seguida, bloqueou-me para respostas! Eu ri, ri muito...! No Facebook, onde essa senhora está entre meus conhecidos, ela não me bloqueou geral, só os meus comentários, ou seja; eu te ofendo porque não concordo como seu pensamento?
 
Li uma nota oficial da cervejaria, afirmando que aquela substância NÃO FAZ PARTE DO PROCESSO fabril da marca, e que é prudente não consumir as cervejas dos lotes investigados. A indústria explica também que cada lote tem 66 mil garrafas, ou seja; são 122 mil garrafas, mais de 73 mil litros da Belorizontina, fora os outros tantos lotes já consumidos. E o que gente imprudente com comentários sem nexo quer, é que a empresa feche as portas? Talvez seja isso! Querem que a Baker entre em bancarrota, demita todo mundo, pouco importa se ele tem culpa ou não, porque o culpado mesmo, eu até já sei quem será...
 
Disse e irei repetir, se fosse um problema nos lotes inteiros, se essa substância encontrada em 4 garrafas for mesmo a causadora desse tumulto, o número de vítimas fatais teria sido espantosamente amplo, com centenas de mortes...
 
99% dos comentários pífios são de pessoas que nunca nem viram na frente uma garrafa de Belorizontina, e as aberrações não terminam tão fácil. Eu já recebi áudios pelo WhatsApp dizendo para NÃO BEBER NENHUMA CERVEJA DE BELO HORIZONTE, porque está matando todo Mundo.
 
O crítico desinformado não pode querer ser o dono da razão só porque ostenta um ‘diplominha amarelado’ de faculdade, ou por ter um “carguinho” de destaque numa empresa, pois isso não o faz melhor ou pior do que ninguém. O crítico roído de Facebook e WhatsApp precisa ler assertivamente, entender de modo coeso e quando emitir opinião, não ficando colérico, deprimido, cheio de mimimi, ou sei lá o que, só porque as pessoas não concordam com ele, porque isso é INTOLERÂNCIA, absolutismo, fanatismo...
 
Há dias caiu um Boeing Zero km no Irã. Uns dizem que foi falha da máquina, outros dizem que foi um míssil iraniano, por via de dúvida, será que é preciso pedir ao Mundo para não mais voar em aviões da Boeing? Penso o mesmo da Cerveja Belorizontina e para os críticos, leiam depois, se puderem, sobre o que a intolerância miserável pode fazer a alguém. Procurem no Google saber mais sobre o episódio da Escola Base...
 
Mas eu entendo bem os intolerantes enciumados, poque eu também já fui assim. Depois que fiquei adulto e comecei a trabalhar, ali na casa dos 16 anos; depois disso eu mudei de opinião, comecei a ler melhor, interpretar textos sem os olhos da emoção, e sobretudo, respeitar a opinião alheia, para não me tornar mais uma pessoa burlesca que hoje entope e destoa as redes sociais!
 
Já escrevi demais! Agora é hora de abrir uma Belorizontina gelada e comemorar três ou quatro pessoas que sairão da minha rede social, depois de lerem esse texto...
 
CHaMP Brasil
Enviado por CHaMP Brasil em 17/01/2009
Reeditado em 10/01/2020
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