Desafios
de Edson Gonçalves Ferreira
para Claraluna
Quase não dormi esta noite. Fiquei pensando nos impostos e taxas que temos que pagar, fiquei pensando na crise econômica e na guerra no Oriente. Quando estava ficando nervoso, escutei um barulho de pégadas no chão. Olhei e vi a raposa do Pequeno Príncipe que, colocando as patinhas na beirada da minha cama, perguntou-me: __E
a Claraluna está boa? Reparei nos olhos de mel da raposa que, sempre,
está preocupada com cativar as pessoas e lhe disse que a Clarinha estava muito bem e que ela era uma das estrelas da minha vida e do Recanto.
Antes que terminasse de falar, vi que o Menino estava deitado aos meus pés, enroladinho. Seus olhinhos fechados e seu peito arfava suavemente quando se dorme tranqüilo. Na mesma hora,
a Fada Sininho entrou pela janela com o Peter Pan. O Menino acordou e chamou-me a atenção: _Você se preocupa demais, Pardal! Vocês, humanos, estão em viagem e, portanto, aproveite, antes que o meu Pai chame vocês.
Neste momento, o Pequeno Príncipe entrou garboso no quarto com um cachecol lindo, do jeito que eu gosto, enrolado no pescoço e me disse: _ Poeta, a sua estrela está lá, em algum lugar, esperando você. A raposa completou: __Você cativa a gente e, depois, fica apertado, porque tem suas limitações. Carregar o corpo é difícil. O Menino, olhando-me nos olhos, falou: __Sei que você está querendo ir para Portugal e está com medo da crise econômica. Vai, Deus está com você. E, depois, a Malu e o Miguel estão esperando a data confirmada. Isso sem falar na Susana Custódio, poetinha.
Neste momento, houve um coro do pessoal dizendo que eu devo ir. A Fada Sininho foi encantadora ao dizer: _ Se eu pudesse fazer você voar, você não gastaria com a passagem, Poetinha. Infelizmente, não dá. Embora você seja menino em pensamento, já é um adulto se bem que interessante. Eu, que começava a ter sono, agradeci.
Foi, então, que a Rainha de Copas entrou no quarto gritando: _ Vou mandar cortar a cabeça de quem gerou a crise, porque o poetinha tem que viajar. Nesta altura dos acontecimentos, eu já desmaiava na cama e, sinceramente, não sei se eles foram embora, porque eu estava nos braços de Morfeu.
Divinópolis, 16.01.09