Mordida de Leão
Existe uma tese de que salário não é renda. Mas, mesmo para aqueles que possuem rendas, tais como: arrendamentos, ganhos de capital, aluguéis, o processo para declaração do Imposto de Renda deveria ser mais racional e simplificado.
Para nós assalariados fica difícil entender o porquê de, após todos os meses de descontos nos salários, sofrermos outra dentada do Leão ou sermos, em alguns casos contemplados com uma restituição.
O Estado deveria controlar as pessoas econômica e financeiramente por meio do cadastro de Pessoas Físicas – CPF e das informações que deveriam ser obrigatoriamente prestadas pelas instituições envolvidas: empresas empregadoras, bolsas de valores, bancos, financeiras, registros de imóveis, lojas de câmbio, agências de automóveis, joalherias, antiquários, agências de motos, marchantes, hipódromos, instituições gerenciadoras de
loterias e similares…
A filosofia de controle não deveria estar voltada para o lucro, mas sim para o faturamento, aumento de patrimônio e ganhos de capital.
Assim, assalariados, prestadores de serviços e empresas pagariam um imposto de 6% sobre o faturado, recebido ou ganho, a título de imposto de renda.
O controle da sonegação seria feito com base numa lei que caracterizasse que todo aumento de patrimônio deve corresponder uma tributação de 3% a título de imposto de renda. Assim, levantado os bens de uma determinada pessoa física ou jurídica, verificado o aumento patrimonial e levantado o valor do imposto de renda pago, se este último correspondesse a menos de 6%, a diferença seria devida ao fisco.
Alguns podem dizer que isso é contrário ao direito de privacidade do indivíduo ou às liberdades individuais, entretanto que problemas esse controle poderia trazer para quem vive de forma honesta e legal?
O que não pode é continuar essa irracionalidade de limitar os abatimentos e ao mesmo tempo liberar os preços das mensalidades de colégios e universidades. O que não pode é continuar com abatimentos por dependente anual menores do que os gastos reais por mês.
O que não pode é continuar essa sonegação desvairada, que pode ser facilmente comprovada pelo confronto de informações recebidas sobre as variações patrimoniais e o imposto pago.
Além do que, é muito mais fácil as instituições, com suas estruturas, informarem sobre as parcelas que constituem o patrimônio das pessoas físicas, do que estas correrem atrás de comprovantes e sofrerem o “dilema de Abril”: declaro em conjunto ou separado, declaro no verde ou no azul?
“Imposto de Renda” retrata a nossa expressão de otário nos meses de Abril e a nossa contrariedade, desconforto e até desespero quando a mordida é grande e é necessário arranjar mais dinheiro para complementar o pagamento do imposto.
“Imposto de Renda” é resposta em rimas à ironia da Legislação com os assalariados deste “deitado eternamente em berço esplêndido”.
Imposto de Renda
Se não fosse imposto,
se não fosse salário,
não seria a contragosto,
anualmente, declarado,
nem estamparia no rosto
aquela expressão nacional de otário.
Todo ano, tudo afobado,
as mesmas dúvidas por todo estado:
faço em conjunto ou em separado?
faço completo ou simplificado?
Tempo da caça aos comprovantes,
lápis, papel e atenção.
Declaração, que não é de amantes,
mas a mordida é de leão;
declaração, que não é de amantes,
mas a mordida é de leão.
Apesar de o limite por dependente,
ser o que você gasta mensalmente,
tolerância, não leve a mal,
pois a mordida
vai toda pro social.
Todo ano, que desespero,
onde vou arrumar dinheiro,
para o imposto do salário pagar?
Ora, não esquente companheiro!
Procure o guarda-chuva protetor do banqueiro
e ajude o pobrezinho a não quebrar.
Procure o guarda-chuva protetor do banqueiro
e ajude o pobrezinho a não quebrar.