R E C A D O
                                A QUEM A QUEM POSSA INTERESSAR COM TODO CARINHO         
 
 
 
 
         Quem viu o filme “MELHOR IMPOSSÍVEL”?
         Há uma cena muita sutil, discreta, a ponto de não ser percebida, pois quase não faz parte do enredo do filme, é só uma pequena passagem, que a mim tocou especialmente, na relação de mãe e filha.
Há um momento em que a Filha vira pra Mãe perguntando:     
“pois bem Mãe me diga o que vc, gostaria de fazer, o que de mais vontade vc tem vontade de fazer, ande, diga”.
         E a mãe surpresa e esperançosa, pois aquilo não era papo normal entre elas, a filha estava estressada, esperando a resposta:
         Quase gaguejando do inesperado, balbucia: “Eu gostaria de sair com você pelas calçadas e ir até o bar tomar uma cerveja e ver o pessoal...”
A Filha – “Só?”
A Mãe – “É”.
         Saem as duas pela rua, a filha no espanto da incredulidade por tão pouco, e a mãe na entrega da felicidade de ganho inesperado da maior felicidade para ela, àquela altura do desenrolar de sua própria vida, sendo um simples supérfluo na vida dos outros, da filha mais do neto.
        Eu já experimentei esta situação inúmeras apagadas vezes com meus filhos. Eles não percebem que, seja a mãe que for que eles tenham, que ela além de ser apenas mãe, ela é um ser humano com todos os anseios de qualquer ser humano, mesmo os filhos ou a família tendo-a colocada sob uma visão das suas próprias necessidades dela.
Já escrevi aqui A TROCA DE PAPÈIS em que trato um pouco disso.
Filho pergunta “quer ir almoçar? ou vamos ao cinema”? Em geral esta pergunta é quase impessoal, o filho nem nota, pois na verdade ele preferia estar fazendo muitas outras coisas importantes e urgentes para ele. Mas, num lapso, ou num átimo do tempo aquela pergunta sai antes de pensar...
        E quando ocorre da Mãe pedir algo, o filho pode estar certo, ela não quer propriamente este algo. Ela está é precisando do toque real da pele do filho, de estar sentindo o seu calor, trocar com ele o amparo e o seu amor que a ela é mais vital que ir a algum lugar. O lugar não importa. A conversa, o assunto não importa. Ela quer a presença do filho ou filha, aquele ser em quem ela confia a vida sem dizê-lo. Ela não está querendo resolver algum problema de ordem prática ou real.
         Ela não sabe dizer as palavras que seu coração diz.