A aventura do cotidiano

Eu ainda era adolescente quando li as primeiras crônicas que me prenderam a atenção. Eram de Fernando Sabino, numa coluna chamada Aventura do Cotidiano, da revista Manchete. Não me lembro bem se o título era esse mesmo, ou Aventura do Quotidiano.

Isso foi nos anos cinqüenta, que até agora se escrevia assim, com trema, e hoje é cinquenta. Esse trema, alíás, já vem sendo optativo há algum tempo. Quando eu escrevia com esferográfica, ou com giz, preferia não colocá-lo. Depois que passei a usar o computador, a própria máquina se encarregava dele. E hoje estou brigando com ela, porque insiste em me corrigir...

Muitas vezes vi gente preencher cheques de cincoenta reais, que a mim pareciam esquisitos, mas ninguém reclamava. Pensando nisso, quantos cheques de cinquenta mil cruzeiros será que eu assinei em minha vida? Seria uma montanha de mil réis, como diria vovô, se vivo fosse? Ou não valiam mais que um tostão furado?

Houve um médico que me encabulava, pois me chamava de “menina do nariz de tostão” e eu pensava que era caçoada. Hoje sei bem quanto vale um tostão e fico feliz porque meu nariz, embora tenha crescido um pouco, ainda não chegou a um milhão. De réis, cruzeiros ou reais.

Aventura do quotidiano é isso, de vez em quando tudo muda e a caravana passa. E temos que seguir – não há outro jeito - vivendo e aprendendo, se não, correremos o risco de graphar tudo errado.

Felizmente os médicos dizem que adaptação a mudanças faz bem para os neurônios. Será que faz emagrecer também?...