Quando A Morte Me Beijar
É assim que acaba.
De um jeito simples como um dia dois e dois somarão mais que quatro
A morte beijará minha face e me levará com ela
Eu me apegarei em seus braços como um bebê se agarra ao seio materno
E aí não restará a mim fazer quase nada
Partirei até sem me despedir.
Deixarei muitos sonhos sem realizar, os meus e os de outras pessoas
As roupas ficarão a secar e aquele livro só terei lido até a metade
Não dá pra pedir a ela que espere só pra eu saber o fim da história
Deixarei alguns versos rascunhados num papel sobre a mesa
Poesias interminadas que talvez já estivessem prontas
Ela levará os abraços e beijos que não distribui
Levará o amanhã que na verdade, nunca foi meu
Quando a morte vier levará de mim o tempo
E talvez eu nem possa dizer a todas as pessoas que amo
Que realmente as amo
Mas isso não muda o fato de que elas serão sempre amadas
Quando ela vier interromperá os planos que eu estava colocando em pratica
E as lembranças que eu ainda tinha para deixar
Ela deixará apenas parte do que fui, fragmentado em pedaços
Um pouco de mim nos amigos, outra boa parte na família
E o que resta ficará com o amor que tive
Ficarão as histórias, as saudades, as vontades
Que saciei sem hesitar parecer tolo
Deixarei aquelas fotos com o sorriso forçado
E também as gargalhadas sinceras que dividi com tantos
Deixarei minha história que foi escrita dia por dia
Minuto por minuto, segundo por segundo
E ao lembrarem de mim, sorrirão e as lágrimas também tentarão correr
Mas que o riso ainda possa sufocar o pranto
A vida é assim , um dia a gente morre
E, ou se morre todo o dia a vida toda
Ou se vive a morte, um dia em cada vida, e tudo passa.