Apenas Paz

O espírito mundano de paz, enfocado na conjuntura humana social, apesar de sua decadência existencial, sendo ignorantemente associado à secundariedade, ainda existe. Pessoas de alma límpida e honesto coração, apesar da escassez, sim, habitam este mundo, incumbido pela maleficência, egoísmo, pela atrocidade. São poucas as pessoas do completo humanismo, aquelas que se doam ao bem, à transmissão sensata de valores humanos, à ética, à solidariedade.

Confesso que estive por vezes desacreditado, não em mim, porque mantemos resguardados em nosso íntimo a esperança em nós mesmos, mas desabonado na sociedade em um modo universal, na sua capitalização, na busca incansável e incessante por recursos, não a importando mais nada, nem mesmo as pessoas.

Remoendo este pensamento de desacreditação e desânimo participei, há alguns dias, de um encontro ecumênico, infundado na união das diferentes religiões, realizado em Joinvile, Santa Catarina, com o enfoque de uma passagem da carta de São Paulo: “existem dons diferentes, mas o espírito é o mesmo.” Foi nessa perspectiva que tudo se deu, que pessoas se conheceram, apesar da sensação de intimidade de pensamentos e desejos, e conviveram. Transmitiram e prosperaram a paz, nesses poucos e gloriosos dias, e deixaram imensuráveis saudades. Que se motivaram entre si, desenvolveram e prosperaram. Renovaram o espírito, rejuvenesceram a alma. Pessoas essas que pouco encontramos, que dificilmente nos deparamos no convívio habitual, aquelas de alma límpida e honesto coração ao qual citei no princípio. Agora posso e confirmo, com a mais pura autoridade e consistência, essas pessoas existem.

1º Encontro Ecumênico Sul, três dias que valeram-se por uma vida, por um aglomerado intrínseco de conhecimento e dessemelhança. “Diversidade e Convivência, um sonho ecumênico”. Diversidade enfocado na relação às diferenças, num processo gradual, em que se desenvolve na iniqüidade, e por fim percebe-se íntima igualdade. Convivência com o próximo, com o ser humano repleto de sentimentos e valores, de perspectiva e sonhos, e que merece, sim, reverência. Debateu-se e cultivou-se o respeito, essa incontestável atitude de paz, de diferenciação entre o ser, de glória. Discutiu-se valores, tão esquecidos e por vezes perdidos. A inclusão, daqueles que são excluídos da “perfeita” sociedade, dos que não se enquadram nos padrões impostos, dos pífios conceitos, da perplexa ignorância. Conversou-se sobre a diversidade de religiões, pautados pela mesma fé, aquela que move montanhas. O pré conceito aos tão iguais “diferentes”.

E por fim oramos, ao meio a conjuntura de culturas e pensamentos, do mesclado de idéias e sonhos, sempre com o mesmo ideal, interagindo sobre as mesmas perspectivas, com orações em nosso mais inconsciente pensamento, de querermos um mundo melhor e digno, a nós.

Acreditem, há pessoas especiais no mundo, juntem-se a elas e prosperem a paz.