Choque de ordem
 
Choque de ordem, dizem os caras. A expressão privilegia claramente o olhar do outro lado, do correto, do limpo, do que deve ou não ser regulamentado nesta cidade do Rio, como dizia o poeta — mas agora de quantos milhões de habitantes? Se for mesmo à vera, deem as cartas, senhores peemedebistas. De qualquer modo, no tocante ao recolhimento de mendigos e moradores de rua, acho que vocês pisaram feio na bola. Choque de ordem para essa gente tão sofrida? Que tal choque de humanidade ou de cidadania? E os tais abrigos? Podem realmente dar conta de todos os fodidos do município? Quais são os programas sociais que vocês têm para eles? Isso vai funcionar também depois do verão, quando os turistas se mandarem? Não me levem a mal, mas é que os peemedebistas gostam muito de política de palco e de bastidor, de trabalhar para eleições, e a proximidade de 2010 pode levar para o ralo muitas questões de interesse imediato para o cidadão carioca. Um bom exemplo é o nosso Cabral: a violência, em todos os seus aspectos, impera no Estado, e a gente não tem notícia do paradeiro do governador. Peemedebista gosta é de alta-roda, de artistas, intelectuais, banqueiros e homens de negócios; é no meio dessa boa turma que ganham os seus prêmios por coisas que ainda não fizeram ou que ainda não deram resultado. Choque de ordem neles, eleitores!