Minha primeira vez... no psiquiatra!

Eu andava nervosa, estressada.

Até que minha tia Angela sugeriu: - Você não gostaria de ir ao psiquiatra? O mais engraçado foi a naturalidade do "convite" feito pela tia, assim como quem chama alguém para um choppinho gelado num fim de tarde de verão. Por um momento eu não sabia oque responder a minha tia tão gentil. Será que ela estava falando sério?

Será que meu caso era assim tão grave? Por um breve segundo fiquei desconcertada diante da proposta. Depois achei que stivesse realmente louca, afinal uma pessoa plenamente sã não deveria nem considerar uma proposta dessas, não é? Não sei!

Mas é como eu sempre digo, pra quem tá no inferno, dar um abraço no diabo não custa nada.

E eu que sempre fui convicta de minhas opniões sempre dizia (e ainda digo) que excluíndo casos notoriamente graves, só e doente da cabeça quem quer ser. E sempre achei meio afetada essa mania de perua chique tomar calmante. Para mim de nada adianta encontrar a paz, se ela for sintética.

Mas mesmo achando tudo isso, eu acho também que a beleza da vida está no direito que o ser humano tem que se contradizer e mudar de opnião, então resolvi encarar.

É claro, fiquei imaginando como seria, como ele me olharia, oque ele me diria, como eu me sentiria?

E de tanto imaginar, logo comecei a achar graça.

Entrei na sala tranquila, eme deparei com um home de aparencia simpática, que me perguntou o motivo da visita.

Eu lhe disse que as pessoas me achavam uma garota fora de padrão.

-Porque? Ele perguntou.

-Ah, sei lá. Eu gosto de hard rock, eu sou tatuada...

-E isso não é normal? - Pra mim é, ué.

-E isso não te basta? Ou você acha que é aúnica pessoa tatuada do mundo? E não parece uma ideologia da sua tribo, se importar com oque os outros pensam...

Cheguei lá eperando julgamento, assim como um réu indo ao tribunal. E oque encontrei, foi um homem de uns 60 anos, muito mais descolado e cabeça aberta do que eu no auge dos meus 20. De tanto as pessoas me julgarem, eu comecei a achar que tinha algo realmente errado comigo, e acabei até indo ao psiquiatra!

Depois disso aprendi uma coisa. O preconceito contra qualquer coisa existe, e infelizmente sempre existirá. Mas o pior preconceito que pode existir é aquele que parte de nós, em direção a nós mesmos, acompanhado de uma dose de auto-piedade. Eu sempre condenei esse tipo de atitude, mas acabei percebendo que eu também sou uma vitima de mim mesma.

E tudo isso afinal de contas tinha que servir pra alguma coisa, e realmente serviu! Agora ninguém mais pode me chamar de louca! O psiquiatra me deu total garantia de que eu sou normal!