PASTOR GAUDIUM (PASTOR DA ALEGRIA)

Na atual conjuntura é perceptível a falta de interesse dos alunos com relação à escola, ribombando-se uma questão substancial: por que eles não se interessam mais e ir à escola? Quiçá, num primeiro instante percebem a instituição escola como um fim em si mesmo e, não como um meio para chegar à verdade.

A instituição escola carrega consigo a grande carga negativa, visto que, o conhecimento vem pela imposição do poder. Mas a presente meditação não é sobre tal, mas sim a alegria de ser professor, digo pastor da alegria. O objetivo dele é de ensinar e, isto consiste num exercício de imortalidade. De alguma forma continua a viver naqueles cujos olhos aprendem a ver o mundo pela magia da palavra. Assim, o professor não morre jamais se assemelhando ao sofrimento das dores de parto, em que a mãe o aceita logo e dele se esquece, pela alegria de dar à luz um filho. Este era o método utilizado pelo filósofo Sócrates para se chegar a contemplar a verdade.

O pastor da alegria ensina felicidade, mas ela não é ensinada nos liceus, e sim ciências, esquecendo-se, às vezes, que estas ciências são taças multiformes coloridas, que devem estar cheias de alegria. O ensino deve ser um deleite para alma? Sim. Pois, o pastor da alegria deve transmitir o mesmo prazer que sente ao ensinar para aqueles que o recebem. É nesse momento que se tem em sua frente duas caixas: a caixa de ferramentas e a caixa de brinquedos.

A caixa de ferramentas consiste na ordem do útil, utilizado e utilizável. Este é o lugar do poder, pois, todos os utensílios ou ferramentas, são inventados para aumentar o poder do corpo. As coisas desta caixa são meios de vida, necessários para a sobrevivência. “Saúde é uma das coisas que moram na caixa de ferramenta. Saúde é poder. Mas há muitas pessoas que gozam perfeita saúde física, e, a despeito disso, se matam de tédio. As ferramentas não nos dão razões para viver. Elas só servem como chaves para abrir a caixa de brinquedos” (Rubem Alves). Os saberes que se ensina nas escolas são ferramentas? Tornam os alunos mais competentes para executar as tarefas práticas do cotidiano?

Por seu turno, se os conhecimentos (caixa de ferramentas) dão meios para viver, a sabedoria (caixa de brinquedos) dá razões para viver. É precisamente nesta caixa que educar significa “mostrar a vida a quem ainda não a viu” (Rubem Alves). A caixa de brinquedos é da ordem do amor, coisas que não são utilizadas, que não são ferramentas, que não servem para nada. Elas não são úteis, são inúteis, pelo simples fato de não serem usadas, mas para serem gozadas. Neste momento, os olhos têm de ser educados para que a alegria aumente. “O aluno olha na direção apontada e vê o que nunca viu. Seu mundo se expande. Ele fica mais rico interiormente e, ficando mais rico interiormente, ele pode sentir mais alegria e dar mais alegria – que é a razão pela qual vivemos, e continua o poeta-filósofo, quando a gente abre os olhos, abrem-se as janelas dos corpo, e o mundo aparece refletido dentro da gente. As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos” (Rubem Alves).

Quod scripsi, scripsi!!!

Ramires karamázov
Enviado por Ramires karamázov em 11/01/2009
Reeditado em 18/08/2010
Código do texto: T1378529
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