Guerra, outras guerras…

Sou contra as guerras, mas fascinam-me a estratégia e as máquinas que nelas intervêm, espelhos do génio humano que não me cessa de espantar...

Mas também colecciono revistas de ciência, ou guardo imagens de obras de arte, ou visito museus e cidades lendárias, sendo que a parte militar é apenas uma componente desse fascínio pela inteligência da nossa raça.

Fui à tropa e passei lá um mau bocado, excepto na parte estritamente militar, na qual obtive óptimos resultados.

Desde muito, muito novo que colecciono miniaturas militares, bem como revistas do género, algo com que a tropa não acabou, e o maior desafio na actualidade é arranjar mais espaço para as colecções…

E no entanto desprezo essas guerras, pois nelas morrem inevitavelmente inocentes, nelas são perpetrados actos de uma enorme barbárie que não abonam nada a um espírito humano capaz do sublime como criar arte ou percorrer os caminhos do Universo.

Sou contra as guerras, e não há nada que me volte a fazer pegar em armas, não há um adversário que me faça abandonar a minha posição de critico e me torne num homem do terreno.

Não há, excepto um.

O Nazismo.

Li já milhares de páginas e vi incontáveis horas de filmes, documentários sobre o que os nazis fizeram, e estive ao lado da aldeia francesa de Oradur-Sur-Glâne, cuja população foi quase toda massacrada por tropas SS de Combate num dia de Julho de 1944. Estive ao lado da aldeia que foi deixada tal como os nazis a deixaram depois de nela terem perpetrado aquela monstruosa mortandade, foi deixada assim para que a memória não apague da história humana aquele acto da mais pura ignominia. Estive ao lado mas pude ver parte da dimensão da destruição daqueles demónios que tinham a cara e o corpo de homens, ou daqueles homens que tinham a cara e corpo de demónios.

Esse Agosto de 2007 em que vi aquela aldeia foi um dos dias mais marcantes da minha vida.

Mas há mais exemplos da sua barbárie espalhados pela Europa, muitos, imensos exemplos os quais os Campos de Concentração representam o corolário máximo da sua bestialidade, tendo eu só referido a aldeia francesa por estado ao lado dela, por ter visto com os meus olhos aquilo de que o nazismo era capaz…

Sei que na IIª Guerra mundial de ambos os lados se cometeram actos depraváveis, como massacres de prisioneiros, como as cidades alemãs com imensos civis, bombardeadas impiedosamente pelos Aliados, num massacre aéreo de que nada serviu para o esforço da guerra, as cidades japonesas feitas de madeira e papel que a força aérea dos EUA bombardeou criminosamente com bombas de fósforo, pois o fósforo fazia arder melhor essas habitações, relatos de Tóquio numa noite de Março de 1945 ter perdido em poucas horas mais de 200.000 habitantes…Isto sem falar no uso das bombas atómicas…

Há relatos de barbárie de ambos os lados, mas os nazis foram de longe os piores, pois isso fazia parte da sua filosofia de vida e politica, isso fazia intrinsecamente parte de si, e é isso que me assusta, e é por isso que se o perigo nazi voltar eu pegarei em armas, pela minha liberdade, pela liberdade e sobrevivência da minha, da nossa forma de vida, porque os nazis desafiam toda a lógica humana, porque são intrinsecamente destruidores, porque a IIª Guerra Mundial foi a única guerra justa, pois havia um culpado descaradamente identificado, e que foi preciso exterminar para salvar o planeta e a maior parte da sua população…

Uma amiga minha dizia-me há dias que nas guerras ninguém tem a razão absoluta, que a outra parte também possui alguma razão.

Concordo.

Mas não no que toca à IIª Guerra Mundial, pois nessa o culpado estava identificado e houve quase que arrasar meia Europa para acabar com ele…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 10/01/2009
Código do texto: T1378031
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