Nostalgia
Por mais que a tecnologia avance rumo ao inimaginável, jamais conseguiremos dizer com palavras o indizível, o inefável, o além consciência.
Não sou a pessoa mais feliz do mundo com as mudanças da Língua Portuguesa. Usando o velho jargão popular: não se mexe em time que está ganhando.
Já é tão difícil aprender a lidar com tantas regras e tantos acentos, tão lindo tudo do jeito como sempre foi. Não tenho nada contra a unificação do idioma nos países que usam a Língua Portuguesa, mas a beleza e a identidade de cada um está justamente nas diferenças. Ora, como vou adquirir o hábito de não usar mais o trema que demorei anos a fio para acostumar-me com ele. E o acento agudo nos ditongos, e o circunflexo em vôo (esse acento não se usa mais), se as ferramentas tecnológicas que temos disponíveis, como essa que agora uso para escrever esse texto, acentuam as palavras quando por ventura eu me esquecer de fazê-lo.
Longe de mim a idéia (esse acento não se usa mais) de ser rebelde e ir contra alguma coisa. Mas enquanto valerem as velhas regras, vou permanecer assim, sem mexer e tentando me adaptar.
Ficam criando maneiras de purificar as coisas do lado avesso. Complicar ainda mais aquilo que era complicado, mas já havia se tornado simples.
Sou uma desses milhões de pessoas que não sobrevivem mais sem internet. Utilizo esse veículo para expor minhas opiniões, para falar com meus amigos distantes, com os próximos, e para fazer tudo o que eu puder no conforto da minha casa. Porém, há de se concordar que se não fosse essa “febre” a mudança das regras de linguagem tardasse a acontecer ou ainda nem acontecesse.
Um bem comum aliado a um mal necessário. É um misto de coisas. Relação de amor e ódio. Ás vezes eu até acho que o problema seja eu. Por sorte, não sou a única que conversa pelo internet que ainda digita as palavras inteiras. Caretice, conservadorismo, resistência, sei lá que nome alguns darão a isso. Caso é que eu não gostaria de emburricar. Já somos ultrajados demasiadamente com processos ditos culturais, mal fundamentados e que nos enfiam o lixo goela abaixo na música, na televisão, na imprensa escrita, nos sites internet a fora.
Deixo claro que isso não é um protesto, apenas um desabafo.
Eu amo a tecnologia, a rapidez das pesquisas nos sites de busca e toda a informação que me é disponibilizada no tempo exato.
Mas, como negar a saudade de passar tardes inteiras em bibliotecas fazendo trabalho de História em papel almaço, calejando os dedos de tanto escrever e de receber cartões de Natal pelo correio?
A única semelhança entre meus trabalhos daquela época e os de agora, é a falta dos acentos. Só que antigamente, eu me esquecia deles por não saber usar. Porém, o mais lamentável é ter de desaprender o que me custou a vida toda para entender.
Paciência... (esse acento eu ainda não sei se foi abolido e essa palavra é tudo o que me resta).