Máscaras de ferro
É de impressionar...
Pessoas muitas vezes alquebradas, de físico debilitado. Outras de aspecto frágil, singelo até. Mudam. Alteram-se. Transformam-se... ao ingressarem num carro e tomarem o assento do condutor.
Não me refiro somente às grosserias que fazem no trânsito, o que já tem sido tema de incontáveis debates e suscitado análises das mais diversas espécies.
Escrevo sobre aquelas pessoas que por estarem no comando de um veículo, "se acham", como se diz na gíria. São as tais. Pose, envergadura, expressões fechadas, distantes dos reles pedestres, aqueles seres inferiores que simplesmente estão circulando pelas ruas a pé. Só os tratarão com atenção quando estiverem "a bordo" de um carro ou assemelhado. Até porque a atenção visa uma competição... Quem é mais possante?
É de impressionar. E como a indumentária sempre é motivo de estratificação nas nossas sociedades que, infelizmente, ainda caminham de forma lenta quando se busca alertar que o importante é o ser e não o ter, os veículos, mais que máquinas úteis, mais que um simples meio de locomoção, mais que um facilitador da movimentação das massas, passam a ser também máscaras, armaduras e disfarces daqueles que ainda não perceberam que o mais grandioso que há em todos nós é que somos, "apenas", seres humanos.