Da Vinci e a Ceia Lauta



          No meu tempo de criança, as casas tinham um quadro da Última Ceia na sala de jantar. Ele fazia parte da decoração sacra das residências, ao lado de uma Bíblia e de um pequeno oratório, onde eram venerados os santos da família, entre outros,  São Benedito,  São Francisco de Assis,  Santo Antônio de Pádua,  Santa Luzia, a protetora dos olhos, e  São Braz, o guardião da garganta. Um engasgo, e "Valei-me, São Braz!". 
         A depender da devoção da dona da casa, também uma imagem de Nossa Senhora das Dôres; ou da Senhora do Bom Conselho; ou da Senhora do Bom Parto.
          Não sei se ainda é assim. Não vou ao sertão do Ceará, onde nasci e me criei, faz muitos anos. As rodovias que lhe dão acesso são ruins. Ir ao sertão nordestino de avião, não tem graça. O bom mesmo é chegar lá cortando a caatinga pelo chão; ouvindo o gorjeio dos galos de campina e o arrulho rouco da rolinha fogo-apagou.
          O gostoso é atravessar seus campos colhendo uma açucena aqui, um aguapé ali; e, de repente, descobrir, num juazeiro frondoso ou num pau-d´arco florido, uma casa do joão-de-barro.
          Voltando à Última Ceia, nos últimos tempos tão estudada e interpretada.  
          Abri esta página lembrando que, outrora, nas casas do sertão cearense, um quadro da "Santa Ceia" sempre era visto na sala de refeições.
         Na minha casa, por exemplo, existia um desses quadros, solenimente entronizado por meu pai, um católico fervoroso. 
          Dizia o velho Raul, que, cultivando a devoção pela "Ceia do Senhor", Deus o ajudava a manter farta a mesa de sua numerosa prole - mulher e oito filhos.
        Coincidência ou não, em minha casa o mercadinho, o açougue e a padaria nunca foram problemas.

          Esse quadro resistiu ao tempo. Hoje ele está na casa de uma irmã minha. É uma cópia da "Última Ceia" de Leonardo Da Vinci; para mim, o mais belo registro do histórico encontro de Cristo com seus assessores, antes da tragédia do Gólgota.     
         No quadro, ainda estão bem vivas as cores dos mantos dos doze apóstolos e bem nítido o colorido da exuberante túnica de Jesus. 

               Mas, só agora fiquei sabendo que o nosso Leonardo pintou a "Última Ceia" usando  seus conhecimentos astrológicos!   -  "Essa obra prima é uma aula básica sobre os doze signos do zodíaco",  escreveu alguém, no site www.viaastral.com.br, que deixo aqui para quem desejar acessá-lo, e se aprofundar no assunto.
             Os apóstolos, à esquerda do Rabino, representam "os seis primeiros signos do zodíaco"; e os sentados à Sua direita, os seis últimos.
              À esquerda, estão : Simão, Tadeu, Mateus, Felipe, Thiago Menor e Tomé. E à direita, estão: João, Judas Iscariotis, Pedro, André, Thiago Maior e Bartolomeu.
          São limitadíssimos meus conhecimentos no campo da Astrologia. Mas sempre ouvi, que sou do signo de Peixes.
       No quadro de Leonardo, Judas, o traidor, - traidor? - é do signo de Escorpião.                   Aí interessei-me em saber quem, para Leonardo, entre os discípulos, é do signo de Peixes.
 Pesquisei, e descobri que é o apóstolo  Bartolomeu.
       Vejam só. Um dia, Felipe encontrou Bartolomeu, e lhe falou sobre um Tal Jesus "que havia chegado de Nazaré".   
        Bartolomeu, sem conhecer o Mestre, reagiu: - "E pode vir algo de bom daquela terra?"
        Revelava-se o apóstolo Bartolomeu um julgador precipitado daquele a quem, logo depois, seguiria os passos, tornando-se um de Seus discípulos.

              Pergunto: reação típica de um pisciano?
        Comenta-se por aí, que quem é de Peixes, se vacilar, "morre pela boca".  Por isso, vivo, dia e noite, a me policiar...
 
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 11/04/2006
Reeditado em 11/03/2020
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