Conversas de Rádio e Outras Trivialidades
Ás Segundas-feiras é dia de ouvir conversas na rádio. Acontece-me ter de ficar presa no tráfego, tentando atrapalhar o menos possível (ainda que o Sábado venha longe...). Aprendem-se coisas interessantes hoje em dia na telefonia. De outra forma, como saberia eu que já existem azeitonas a saber a café que servem para acompanhar a vulgar bica; que o pároco de Ramalde escreveu um livro cujo objectivo foi o de angariar dinheiro para adquirir um jipe indispensável na sua missão na Guiné; que as batatas são tóxicas e que não devemos por isso envenenarmo-nos com elas; que deveríamos rir pelo menos quatrocentas vezes por dia para sermos saudáveis e felizes?
Não iria com certeza ficar a par destas curiosidades de considerável importância.
De vez enquanto espanto-me com a parvoíce dos que se dão ao trabalho de vir falar a publico.
Outro dia falava um senhor, um fotógrafo americano, um artista de renome internacional que por falta de memória não poderei identificar.
O discurso começou muito escorreito. A favor do ambiente, pois então. Não utilizava embalagens de plástico em caso algum, fazendo-se acompanhar de uma garrafita de metal para beber a sua aguinha. Não comprava roupa que não fosse em segunda mão. Contrariava ao máximo o seu ímpeto consumista e por isso tinha aderido ao vegetarianismo. Ora aqui é que a porca torce o rabo. Então comer carne é consumir. E comer cenouras? É... pois. Eu imaginei-o logo no hipermercado com um carrinho cheio de saquinhos de plástico de legumes até ao cimo, ali a consumir para a semana toda, como um doido! O senhor lá acabou por confessar que era a pessoa mais incoerente do mundo. É preciso ter grande coragem para admitir assim perante um microfone a idiotice do propósito à volta do qual girava a sua vida. Dizia ele que o que mais prejudica o ambiente são os aviões. E que, apesar de se abster de uma série de coisas para proteger o planeta, ele tinha tido a necessidade de viajar num dos malditos aparelhos, até o nosso país para dar aquela entrevista. Assim, causava mais danos ao ecossistema terrestre que qualquer compatriota seu, que quietinho na sua aldeia tenha passado a vida a beber agua do luso (da marca deles, claro) e a comer bifes do lombo ao almoço e ao jantar.
Portanto ele sujava para chamar a atenção do mundo para os perigos que essa sujidade representa. E não se suicida após cada discurso destes. É extraordinário!
Rir é o melhor remédio. Até aqui, nada que as Selecções do Readers Digest não nos tenham ensinado. Mas agora, nos tempos hiper-modernos, existe o Yoga da Riso. A senhora Ana Banana vem à rádio com alguma frequência explicar que através do domínio da técnica que ensina nos seus workshops qualquer vulgar pessoa pode desencadear um ataque de riso simulado a qualquer momento, sempre que disso necessite. E essa urgência pode acontecer em momentos de maior stress, quer seja numa reunião de trabalho que esteja a correr menos bem, quer seja na rua para enfrentar uma contrariedade (pisar cocó de cão...) ou em casa perante um problema doméstico. Ou seja, sempre que algo de negativo aconteça podemos responder com uma salva de gargalhadas. Libertando-se uma certa quantidade de endorfinas para a circulação sanguínea, os problemas podem permanecer lá, mas já não nos ralam nada. Eis o segredo da boa saúde. Nada mais simples. Especialmente para Ana Banana. Cada vez que precisa de rir fá-lo sem grande esforço, Basta recordar-se do seu próprio nome.
Ainda bem que a rádio existe. E que é eficiente. Ao contrário da televisão. A portuguesa. Não gosto muito de dizer mal do que é nacional. Não sou nada a favor da provinciana ideia de que o que se faz lá fora é que é de qualidade. Sou até capaz de me travar de razões para esgrimir argumentos contra esta máxima. Mas a televisão pública deste país desilude-me a cada dia que passa. Mais do que isso: sinto-me indignada.
Em pouco mais de uma semana descubro que a série Bocage que actualmente passa na RTP memória (tarde e más horas) deveria ter tido honras de horário nobre e em 2006 passou uma série (não me perguntem em que horário) chamada: “ Quando os Lobos Uivam” adaptada de um livro do Aquilino Ribeiro. Já para não falar da série sobre o Regicídio que foi despachada nas férias do Carnaval em três dias em blocos de dois episódios seguidos. Não há o mínimo respeito pelos dinheiros públicos. Gasta-se uma fortuna numa série de qualidade. Dinheiro dos nossos bolsos. E no fim impede-se literalmente o público de visionar a obra. A este fenómeno costuma chamar-se de NEGLIGÊNCIA.
Agora, se me dão licença, vou fazer uma pausa para desencadear uma gargalhada que me alivie este sentimento negativo. Volto em seguida com outras trivialidades.
Ás Segundas-feiras é dia de ouvir conversas na rádio. Acontece-me ter de ficar presa no tráfego, tentando atrapalhar o menos possível (ainda que o Sábado venha longe...). Aprendem-se coisas interessantes hoje em dia na telefonia. De outra forma, como saberia eu que já existem azeitonas a saber a café que servem para acompanhar a vulgar bica; que o pároco de Ramalde escreveu um livro cujo objectivo foi o de angariar dinheiro para adquirir um jipe indispensável na sua missão na Guiné; que as batatas são tóxicas e que não devemos por isso envenenarmo-nos com elas; que deveríamos rir pelo menos quatrocentas vezes por dia para sermos saudáveis e felizes?
Não iria com certeza ficar a par destas curiosidades de considerável importância.
De vez enquanto espanto-me com a parvoíce dos que se dão ao trabalho de vir falar a publico.
Outro dia falava um senhor, um fotógrafo americano, um artista de renome internacional que por falta de memória não poderei identificar.
O discurso começou muito escorreito. A favor do ambiente, pois então. Não utilizava embalagens de plástico em caso algum, fazendo-se acompanhar de uma garrafita de metal para beber a sua aguinha. Não comprava roupa que não fosse em segunda mão. Contrariava ao máximo o seu ímpeto consumista e por isso tinha aderido ao vegetarianismo. Ora aqui é que a porca torce o rabo. Então comer carne é consumir. E comer cenouras? É... pois. Eu imaginei-o logo no hipermercado com um carrinho cheio de saquinhos de plástico de legumes até ao cimo, ali a consumir para a semana toda, como um doido! O senhor lá acabou por confessar que era a pessoa mais incoerente do mundo. É preciso ter grande coragem para admitir assim perante um microfone a idiotice do propósito à volta do qual girava a sua vida. Dizia ele que o que mais prejudica o ambiente são os aviões. E que, apesar de se abster de uma série de coisas para proteger o planeta, ele tinha tido a necessidade de viajar num dos malditos aparelhos, até o nosso país para dar aquela entrevista. Assim, causava mais danos ao ecossistema terrestre que qualquer compatriota seu, que quietinho na sua aldeia tenha passado a vida a beber agua do luso (da marca deles, claro) e a comer bifes do lombo ao almoço e ao jantar.
Portanto ele sujava para chamar a atenção do mundo para os perigos que essa sujidade representa. E não se suicida após cada discurso destes. É extraordinário!
Rir é o melhor remédio. Até aqui, nada que as Selecções do Readers Digest não nos tenham ensinado. Mas agora, nos tempos hiper-modernos, existe o Yoga da Riso. A senhora Ana Banana vem à rádio com alguma frequência explicar que através do domínio da técnica que ensina nos seus workshops qualquer vulgar pessoa pode desencadear um ataque de riso simulado a qualquer momento, sempre que disso necessite. E essa urgência pode acontecer em momentos de maior stress, quer seja numa reunião de trabalho que esteja a correr menos bem, quer seja na rua para enfrentar uma contrariedade (pisar cocó de cão...) ou em casa perante um problema doméstico. Ou seja, sempre que algo de negativo aconteça podemos responder com uma salva de gargalhadas. Libertando-se uma certa quantidade de endorfinas para a circulação sanguínea, os problemas podem permanecer lá, mas já não nos ralam nada. Eis o segredo da boa saúde. Nada mais simples. Especialmente para Ana Banana. Cada vez que precisa de rir fá-lo sem grande esforço, Basta recordar-se do seu próprio nome.
Ainda bem que a rádio existe. E que é eficiente. Ao contrário da televisão. A portuguesa. Não gosto muito de dizer mal do que é nacional. Não sou nada a favor da provinciana ideia de que o que se faz lá fora é que é de qualidade. Sou até capaz de me travar de razões para esgrimir argumentos contra esta máxima. Mas a televisão pública deste país desilude-me a cada dia que passa. Mais do que isso: sinto-me indignada.
Em pouco mais de uma semana descubro que a série Bocage que actualmente passa na RTP memória (tarde e más horas) deveria ter tido honras de horário nobre e em 2006 passou uma série (não me perguntem em que horário) chamada: “ Quando os Lobos Uivam” adaptada de um livro do Aquilino Ribeiro. Já para não falar da série sobre o Regicídio que foi despachada nas férias do Carnaval em três dias em blocos de dois episódios seguidos. Não há o mínimo respeito pelos dinheiros públicos. Gasta-se uma fortuna numa série de qualidade. Dinheiro dos nossos bolsos. E no fim impede-se literalmente o público de visionar a obra. A este fenómeno costuma chamar-se de NEGLIGÊNCIA.
Agora, se me dão licença, vou fazer uma pausa para desencadear uma gargalhada que me alivie este sentimento negativo. Volto em seguida com outras trivialidades.