Uma mãe de verdade
Como a síndrome da perfeição faz com que a mulher esqueça de si mesma em nome dos filhos?
Naturalmente, o pensamento se deposita primeiro na satisfação dos pequenos e, além disso, temos uma culpa danada. Mas acho que o que descobri foi que eu precisava aparecer, para que eles me conhecessem e tivessem em mim, mais do que uma enfermeira ou professora, uma amiga, uma parceira nesta vida. Recuperada da síndrome da mãe perfeita, talvez hoje eu seja uma mãe de verdade.
A mãe de verdade tem suas qualidades e defeitos.
A ‘mãe morta’ é aquela que não morreu. Ela ficou doente ou deprimida, brigou com o marido e ‘deu um tempo’, separou-se ou perdeu o marido, ou simplesmente viajou de férias e deixou a criança ‘em total segurança’ com alguém.
Todos nós, que vivemos a vida, trabalhamos todos os dias, saímos de férias, só o fazemos porque algo nos diz que é seguro levantar-se da cama (ou sair debaixo dela...) para ir ‘fazer as coisas’.
Os que sofreram uma quebra em sua onipotência, infelizmente, não têm tanta confiança. Para eles já ocorreu uma catástrofe, e nada os convence mais de que ela não ocorrerá de novo. Temos, então, a situação curiosa de alguém que se sente órfão... de pais vivos. E que ao mesmo tempo se sente um tanto louco, porque como é possível ser órfão se os pais estão vivos?
A morte é sobretudo isso: tudo que foi visto terá sido para nada. É o luto daquilo que percebemos. Nesses breves instantes em que falo à toa, é como se eu morresse. Porque o ser amado se torna um personagem de chumbo, uma figura de sonho que não fala, e o mutismo em sonho é a morte. Ou ainda a Mãe gratificante me mostra o Espelho, a Imagem , e me fala ; " É você" . Mas a Mãe muda nao me diz o que sou, nao tenho mais base, flutuo dolorosamente sem existência
Se pararmos para pensar a questão da lápide onde não jaz ninguém a não ser a dor do próprio ser humano que se vê vagando sem existência isso marca exatamente a questão do desamparo, a questão da depressão...