O SORRISO DE MEU PAI

Crianças também têm intuição.

Quando era menina - e como todas as meninas ingênuas - amei o meu pai de um jeito muito especial e observador.

Logo, chamou-me a atenção a maneira rude com que ele nos falava, e raras vezes, ele sorria sem defesas.

Sempre contava que vinha de uma guerra consigo mesmo, com a vida, e - como soldado - veio da 2ª Guerra Mundial.

Falava - chorando - das tristezas que encontrara no campo de batalha.

Mal sabia ele que eu - ainda com 7 anos de idade - chorava junto com ele, as dores de sua alma (que eram as mesmas dores de outros corações).

Porém, eu tambám aprendi a sorrir, com meu pai.

Amando-o, descobri, em cada sorriso dos seus lábios, uma lágrima escondida nos olhos.

E, por isso, o sorriso de meu pai tornou-se cada vez mais importante para mim. Quando ele sorria, minha alma rejubilava, e todo o meu Ser sorria junto.

Porque, com o decorrer da vida, descobri que o sorriso de meu pai significava muitas coisas valiosas, que só ele e eu compreendíamos:

- Toda a vez que ele sorria, eu compreendia que o sorriso era um ato de PERDÃO a si mesmo - e ao Mundo - que o envolvera numa guerra fatídica.

- Cada sorriso de meu pai, dizia-me que ele aceitava esquecer - por alguns momentos apenas - a violência que, como SERES "HUMANOS" causamos uns aos outros.

A lágrima de meu pai, secou, com a sua morte.

O sorriso - ah! este ficou registrado na parte mais valiosa de minhas memórias e do meu coração.

Este sorriso - de Perdão, de superação e de coragem - estou tentando aprender, ainda hoje.

Saleti Hartmann

Cândido Godói-RS

SALETI HARTMANN
Enviado por SALETI HARTMANN em 07/01/2009
Código do texto: T1372400
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