Bancos são testemunhas silenciosas e fiéis. Estavam ali, a criança os viu, e eles (alguns) permanecem ali. A criança virou adulto e passa por ele, indiferente. E ele lá, fiel, esperando. Ele espera que o amigo ou a amiga volte lá, sorria ou chore perto dele. Mas poucos voltam.

Quem não já teve um banco como seu durante o percurso vivido?

Tive um. Nossa amizade começou quando tinha dois anos. Lá, sentava no colo do pai-avô João e ficávamos brincando de “cavalinho”, ele sentado no banco e eu no colo dele.

Foi nesse banco, que ficava em frente à estátua do Padre Ovídio, no jardim da praça do mesmo nome, que um garoto segurou em minha mão.

Foi este banco também que, anos mais tarde ouviu um pranto que saía da boca que tantas risadas deu ali, perto dele.

Um dia, muitos anos depois, voltei para encontrar-me de novo com o “meu” banco...

O homem destrói-se e não cansado desse crime, destrói jardins e bancos.


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Meu banco foi destruído.

Por que? Para quê? Não sei.

Não há nada mais no lugar,

A não ser pedras




Fragmento de crônica, no livro Na boca da Noite