Primeiras lágrimas
Inicio de verão, e eu olhando um céu escuro e com o rosto respingado de gotas frias que caem sobre um beiral de mim. Como trazendo d’algum lugar lágrimas cristalinas, é a chuva do verão, a primeira do ano. Já estou no término do sexto dia e ainda não fiz grandes planos e decidi não fazer mesmo, pois alguns ao contrario das estações do ano, não são tão precisos, e dependem não do curso natural da vida e natureza, mas da frenética e nem sempre lógico desenrolar dos dias. Mas, se por um lado as comparações são desafiadoras, vale as lembranças belas e felizes do ano que passou, e que venha, seja do modo que for às novas oportunidades. A lua é crescente, como as expectativas, a crise ou o reflexo dela ainda não desceram pela garganta. literalmente falando, pois quero só pensar em coisas boas.
No computador ouço “Who Wants To Live Forever” cantado pelo Queen, e respondo - sim! Eu quero viver para sempre, percebo que há tempo para todos nós, e que a utopia é chama ininterrupta em nossas vidas e quem disser que não, nunca deve ter desejado Feliz Ano Novo em algum dia qualquer, e que tudo é decidido por nós e que não adianta colocar a culpa no tal “Destino”.
Fui até a janela e toquei o céu com meus dedos, fechei os olhos, desejando cada instante mais. As gotas da chuva caem sobre meu rosto silencioso e escorem em meu pescoço, e quando abro os olhos, ainda vejo o mesmo céu escuro, não vejo a lua. Enxugo as gotas de chuva e algumas lágrimas misturadas e percebo que são as primeiras do ano, que espero seja de muita alegria, como as que derramaram agora, quase sem sentir, sem crise, sem vergonha ou machismo. Vou dormir com a consciência tranqüila, afinal sinto-me de alma lavada, literalmente.