LAMENTO... MAS, NÃO TENHO RESPOSTA!

O que responder para uma criança que começa a pensar muito, a ter seus próprios questionamentos? O que responder quando um menino chega sem aviso, com aqueles olhos ávidos perguntado:

“- Então... Deus é homem e mulher!? “

Quando ouvi essa pergunta senti-me perdida, antes não tê-la ouvido. Certas perguntas só poderiam ser feitas quando estivéssemos preparados. Como seria tudo mais fácil! Por que não perguntar como nascem os bebês, como é o acasalamento do jabuti que tenho no jardim... Essas curiosidades que os meninos têm. Não! Comigo sempre tudo complexo.

Se perguntasse por que o céu é azul e o Sol vermelho, eu me valeria dos estudos daquele Físico Inglês do século 19 sobre o processo chamado dispersão de Rayleigh e o esclareceria de uma forma científica. E se perguntasse por que a Terra é redonda, eu o levaria ao Observatório Nacional, em São Cristóvão, no Rio. Já estive lá e aprendi o suficiente para responder mas, certamente, um astrônomo ficaria mais feliz e o faria com propriedade.

Anos de experiência de vida e de estudos não foram suficientes para que eu encontrasse uma resposta plausível para uma criança. Acho que nem mesma sei responder. Será que nunca questionei sobre isso? Quais eram meus questionamentos nessa idade? Se Papai Noel ou o Coelhinho da Páscoa existiam?

No tempo em que fui criança era só o catecismo e aquela frase que os adultos insistiam em repetir e incutir em nossas cabecinhas ingênuas: “Contra os desígnios de Deus, ninguém pode mudar”. Sim, mudar creio que não... Agora, questionar, discordar acho que é humanamente possível. Tem certos assuntos, admito, me são incompreensíveis. Chego a pensar no Gilberto Gil e imito aquele cronista famoso, o Nilsson, que se vale das letras das canções para compor suas crônicas. Quando Gil canta: “(...)Se eu sou algo incompreensível, meu Deus é mais...” Sim, há questões que são mistérios para mim também.

Embora tenha minha opinião própria, só gosto de responder, sobretudo a uma criança para que não se confunda e se funda em pensamentos; só respondo aquilo que sei de concreto, de fato. Aquilo que foi comprovado. Coisas além de mim, além da minha compreensão, digo para a criança esperar que com o tempo ela descobrirá. Afinal, foi o que me disseram... Mas, eu continuo sem sabê-lo.

Talvez haja quem saiba responder baseado em fatos, esse questionamento que o menino me fez e não soube responder.

Hei, você aí!!! Sabe a resposta? Eu não! Sou tão ignorante quanto aquele menino que me questionou...