CRENDICES POPULARES

CRENDICES

Parei pra pensar sobre crendices populares. Essas coisinhas que a gente sempre ouviu nossa avó dizer que dá certo e, mesmo sem entender o fundamento, arriscamos... fazemos. Por exemplo, até hoje eu tomo “água com faca” quando estou com soluço. Acho muito mais digno tomar água com faca do que pedir pra alguém me dar um susto. Sim, porque vamos ser francos, se eu pedir pra alguém me assustar eu já vou saber e sabendo disso, não irei me assustar. Não é lógico? Agora, tomar água com faca não! É algo por assim dizer técnico, não emocional! Só pra esclarecer: não, eu não engulo a faca. Coloco a faca dentro de um copo cheio d’agua e a seguro enquanto tomo o líquido. Idiotice? Pode ser. Mas sempre resolveu meu soluço. Agora como isso foi possível? Ahh, não sei e não to preocupado! Enfim, pelo menos eu bebo minha águinha com faca em minha intimidade! Ninguém vê. Certa vez fui visitar uma amiga. Cheguei, ela me apresentou seu bebê, uma criança linda! Cheirosa, uma graça! Notei que tinha uma linha grudada na testa da coitadinha. O que eu fiz? Lógico! Tirei a linha da testa da criatura! Pra que fui fazer aquilo?!? Minha amiga quase me bateu: “O que você fez? Ta louco? Essa linha taí desde ontem pra curar o soluço!”. Dei um risinho amarelo e falei que não sabia. Também não recriminei, nem condenei. Cada um com sua crendice!

Me diga quantas vezes você não viu uma pessoa com um circulo feito a caneta azul em volta de alguma manchinha no braço? Eu nunca fiz. Nunca precisei, mas já vi muita gente por aí com o tal circulo. Daí eu perguntava: pra que serve isso? E a pessoa prontamente respondia, certa de sua superstição: “é pra não espalhar a impinge! Ta cercada por esse incrível circulo de caneta azul e não poderá se espalhar pelo meu braço todo” Incrível, não? Isso podia funcionar com rubéola, catapora e sarampo, por exemplo! Quando surgisse a primeira pintinha, já cercávamos a danada com o circulo! Adolescentes não teriam mais problemas com espinhas e cravos! Surgiu? Tasca-lhe o circulo protetor! Mas não. Segundo “avós especialistas” só funciona com a peste da impinge!

Uma vez ouvi dizer que água emagrece! Nessa eu não acreditei. Mas mesmo assim, tentei! Ah, porque não? Não vou perder nada com isso mesmo! Bebi litros e litros d’água, mas perder a pança que é bom, nada! Parei pra pensar: se emagrecesse mesmo as baleias não seriam daqueles tamanhos!

Vassoura atrás da porta pra espantar a visita. Na minha casa seria um problema. Às vezes todas as vassouras estão atrás de alguma porta.. paradinhas, quietas. E se numa dessas a visita vê a vassoura? E de repente nem quero que ela vá embora! Mas se ela acredita na crendice, vai dar briga! “Aqui, não precisava apelar, se quisesse que eu fosse embora era só dizer, não precisava pôr a vassoura atrás da porta” Clima chato, né?! Agora dizem que o ideal é por uma vassoura com o nome da visita indesejável atrás da porta. E se a visita achar a bendita vassoura? E se além de achar, colocar na cabeça que a vassoura é dela. “Ué! Tá com meu nome, é minha!” Lá se vai a visita e sua vassoura! Muito complicado isso. Não mexo com vassoura! Se eu quiser estampar alguém, trato de colocar um machado, uma espingarda, uma foice atrás da porta! Isso sim assusta! Não uma simples vassourinha!

Preste atenção: é só você dizer: ‘nossa! Tô com uma coceira na mão!’ Em questão de segundos, alguém já solta: “é dinheiro!” Francamente! É coceira, gente! Co-cei-ra! Se eu fosse levar em conta as tantas vezes que cocei minha mão...vixe! Eu seria milionário, sim! Enfim, crendices, cada um acredita naquilo que lhe convém. Como na vida.

Leandro Mauricio
Enviado por Leandro Mauricio em 06/01/2009
Código do texto: T1370913
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.