A CRÔNICA DAS FLORES

Eu gosto das flores porque elas representam os dois mais importantes aspectos da vida: o prazer e a efemeridade.

O prazer porque as flores agradam a quatro dos cinco sentidos: à visão, por sua grande beleza; ao olfato, por seu inebriante perfume; ao tato, pela delicada maciez de suas pétalas; e ao paladar, pois o doce de pétalas de rosas brancas é delicioso!

Por outro lado, a efemeridade porque elas duram muito pouco. Com isso, as flores nos ensinam grandes lições:

1) Viva plenamente;

2) Delicie-se com o belo e o gostoso, dê-se o direito ao prazer mas,

3) Não se engane. A vida não é só hedonismo! Em algum momento a beleza e o vigor vão acabar, por isso cultive as flores, mas não deixe de cultivar as amizades sinceras, a cumplicidade e o amor verdadeiro, esses nunca acabarão;

4) Aprenda a guardar boas lembranças. Elas são a única coisa que vai restar pra você, depois que todo o resto se for, inclusive a sua beleza, o seu vigor, a sua família e os seus amigos;

5) Não valorize demais as dificuldades da vida. O espinho da rosa não a impede de ser a Rainha das Flores e, no fim, também ele vai secar;

6) Aprenda a amar, mesmo o que você sabe que não vai durar. A vida é assim: às vezes as coisas que amamos duram anos, às vezes, semanas, às vezes, minutos e todo prazer implica em alguma dor, mesmo que seja somente a da perda, por isso;

7) Não deixe de ser feliz por medo de perder! Tudo na vida é perde-ganha e toda dor também implica num pouco de prazer, mesmo que seja só o do amadurecimento.

Não se esqueça disso: toda vez que você pensar em desistir lembre-se que as flores têm a vida muito curta, mas que, ainda assim, são belas, perfumadas, macias e doces e vivem em seu mais alto grau de plenitude, numa natureza essencialmente altruísta, nos dando de si, até a última pétala. E, quando se vão, deixam lembranças lindas, repletas de um saudosismo saudável e resignado e de uma experiência de se perder, ganhando. Se não pensássemos assim, deixaríamos as flores nos campos, longe dos nossos quatro sentidos e jamais saberíamos da sua beleza, do seu perfume, da sua maciez e do seu sabor.

Beatriz Oliveira
Enviado por Beatriz Oliveira em 06/01/2009
Código do texto: T1370734
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