Crônicas da Vida Real

Crônicas da Vida Real

Augusta Schimidt

Valentina

Valentina tinha esse nome porque era valente. Desde pequena era atirada e não tinha medo de nada.

Bom... de quase nada.

Na verdade Valentina morria de medo de baratas, monstros rasteiros atrevidos que para assombrar adoravam voar.

Era assim que Valentina pensava: “barata voa só pra me provocar”.

Nos idos anos 70 Valentina se casou. Foi morar num apartamento que era um primor. Tudo muito limpo e arrumado seu canto miúdo era o próprio castelo do sonho encantado. Começaram bem. A vida fluía num mar de rosas e o primeiro sábado de Valentina casada chegou.

Preslei, era esse o nome do seu marido, muito parecido com um certo cantor, saiu cedo de casa. Queria lhe fazer um carinho comprando uma linda cesta de flor.

Enquanto Valentina esperava a volta do seu amor, resolveu se arrumar, tomar seu banho, se refrescar, pois era um sábado de muito calor.

Foi então que abriu a gaveta e frouxa de medo, batia os dentes, tremia toda de terror. Bem em cima de suas roupas passeava aquela monstrenga que quando viu Valentina bateu asas e voou.

Voou alto, assanhada, por todos os cantos ela passou.

A cena era hilária. Valentina descabelada, de vassoura quebrada na mão, chorava lágrimas em cascata e a barata já cansada de tanto se esconder entregou os pontos já disposta a morrer.

Uma calma chinelada acabou com a agonia da malvada que tanto fez Valentina sofrer. Preslei havia chegado e depois de muito rir acabou com o duelo só pra ver sua amada feliz. Mas Valentina enfurecida, chorava sem parar e jurava naquela casa nunca mais querer morar. Até o desquite pediu. Aquele monstro de asas criou uma grande confusão e Valentina não conseguia ouvir seu coração.

O tempo correu só pra dar uma mãozinha e saindo do estado de choque Valentina de relance viu as flores que ganhou. Ficou tão feliz que o episódio relevou. Até do desquite ela esqueceu caindo nos braços do amado recuperando a paz que perdeu.

Augusta Schimidt
Enviado por Augusta Schimidt em 10/04/2006
Código do texto: T137062
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.