Palhacinho de pano
O palhacinho de pano
Eu costumava visitar um hospital para levar um pouco de esperança a ala infantil.
Umas balinhas ,umas palavras ,um pouco de graça era tudo que podia oferecer.
Foi ai que conheci uma criança linda com olhos brilhantes e sorriso fácil.
Um dia, não me pareceu que ele estava muito bem.
Seus olhos estavam perdendo o brilho e o menino apenas apertava contra o peito um palhacinho de pano ,com um sorriso costurado na face.
Eu tentei ser engraçado ,mas o pranto me rolou incontrolado.
Ele me olhou e disse baixinho não chora tio.
Eu fiquei ate que ele adormecesse num sono calmo.
Queria ter por um momento o poder de dizer levanta te e anda.
Mas quem sou eu,pobre poeta .
Sai voltando a vida . Quando passei pela porta tive a impressão que entrava uma visita para ele, a única ,ela me olhou de frente e também chorava .
Tive um pressentimento de te la reconhecido do um poema de Dante.
Sem duvida era a morte!
Dias depois ,voltei para outra visita ,com um saquinho de balas na mao
e um nariz de palhaço no bolso.
Fui direto a caminha dele, ela estava ocupada com uma criança diferente.
Perguntei a uma jovem enfermeira onde estava meu menino solitário.
Ela me disse com emoção disfarçada de profissional ,ele faleceu.
Sentei na única cadeira da beirada da cama, minhas balas espalharam pelo chão.
Um medico jovem se aproximou e me deu sem falar nada um palhacinho de pano.Não pude fazer nada,me disse.
Meses depois ,meu filho mais novo adoeceu gravemente.
Sem recursos ,procurei um hospital publico.
Quando fui visita lo ,ele estava no mesmo hospital e na mesma ala.
Os médicos não me deram nenhuma esperança.
Lembrei me do menino e do fundo do meu peito,busquei uma oração.
E ouvi uma voz de criança dizendo ,ele vai se levantar e andar.E isso aconteceu.
Foi um milagre ,os médicos disseram .
Hoje meu filho faz vinte e sete anos e' um homem lindo ,forte e alegre.
Meu filho cresceu, aquele menino não.
Como o palhacinho de pano que ele me deu .