NAQUELES 'OLHOS VERDES'

Victor Hugo, escritor e poeta francês, que viveu entre 1802 a 1885, disse uma frase que serve para todos os homens ousados e que não temem as dificuldades para ir em frente: “O futuro tem muitos nomes: para os fracos, ele é inatingível; para os temerosos, ele é desconhecido; para os corajosos, ele é a chance...".

Com esta frase de impacto no mundo concreto dos grandes empresários, começo minha narrativa de hoje, fazendo menção a uma pessoa de extraordinária grandeza pessoal que nos surpreende a cada investimento; a cada atitude - como empresário de sucesso; através de uma visão de rara exceção no mundo dos negócios, tangenciando sua vida através de grandes empreendimentos que o levam a ser um expoente no mundo dos ascendentes.

Neste final de ano fui convidado a conhecer um imóvel rural. Foi lá, numa distância de aproximadamente quatrocentos quilômetros de Campo Grande-MS, na divisa com Estado de Goiás-GO, que assisti a um espetáculo sem igual, através de um misto de profissionalismo e de integração com a natureza que me fez refletir sobre os erros de homens poderosos do passado, pois muitos deles quando optaram por se tornarem fazendeiros, nunca pensaram além do vil metal, construindo fazendas com a grandiosidade da especulação financeira, sem importar-se para a degradação da natureza.

Conheci a Fazenda “Olhos Verdes”. A natureza encantada que ali se desenha parece mesmo com um ser humano de olhos verdes que nos encanta com sua beleza. O nome é bem próprio para aquela área de criação de bovinos, pois está encravada numa região de singular visualização no contexto da formação geográfica de nosso Estado de Mato Grosso do Sul, onde predomina o cerrado. Ali não existe só cerrado, existe sim uma obra desenhada pelo nosso Criador, onde qualquer visitante se sente acolhido por um cenário deslumbrante, formado com suntuosas elevações rochosas que se perfilam nos arredores da propriedade, como se desejassem formar uma muralha que esconde um vale encantado, onde as pessoas trabalham e desenvolvem o sistema mais moderno de criação bovina, através dos métodos avançados de geração animal, com absoluto respeito ao meio ambiente que os cercam.

Fiquei deslumbrado com o sistema híbrido que dá vazão ao abastecimento de água nos reservatórios que suportam a demanda de água potável para os animais e para as pessoas que ali residem. Infelizmente, não tive oportunidade de visitar a mina que brota do morro e jorra água em abundância. Mas tive conhecimento que dali - daquele recanto sublime criado pela natureza - emana uma água tão cristalina quanto à fonte da vida. A água vem por encanamentos quilométricos e através da força da gravidade abastece uma cisterna gigantesca que comporta milhares de litros de água e dali se espalha para as diversas invernadas da fazenda, inclusive passando por um sistema que flui pelo interior do galpão central da sede da fazenda, formando um rego artificial que passa sorrateiramente pelo seu interior, j0rrando água corrente 24 horas por dia, através do chamado transbordo ou ‘ladrão’, por onde se escoa a sobra da água que passa pela cisterna indo desaguar (como ponto final) num açude que ainda está em formação. Quem está naquele interior fechado e constata o correr daquela água suave, caindo constantemente e produzindo aquele barulhinho suave da caída d’água, sente-se integrado à natureza.

Não se gasta um só centavo com energia para suprimento de água em toda a extensão da fazenda que se constitui em uma vastíssima área rural. Exemplo disso é outra obra de esplendorosa engenharia criada pelo antigo proprietário e que também está encravada numa área mais distante da sede. Os mananciais estão protegidos pelas leis naturais que lhes dão vazão, não permitindo que haja invasão de corpos estranhos que lhes tirem a trajetória natural. Mata ciliar etc. Num desses mananciais foi instalada uma engenhosa roda d’água que vista aos nossos olhos de leigo mais parece um usina de produção de energia elétrica. Ocorre que em certo trecho o riacho tímido e sem muita água, criou-se um braço do seu leito por um túnel de certa profundidade, armazenando mais água, de onde sai outro rego que alimenta as rodas d’água. Todos aqueles apetrechos instalados com muitas toneladas de concretos dão uma visão colossal a quem visita o local, pois tais engenhocas estão instaladas num local muito alto, acima do relevo de um poço natural que deve ter aproximadamente uns dez metros de profundidade. Aquele visual das águas entrando em túneis e saindo como uma cascata (para alimentar as rodas d’água) dá uma sensação de medo em razão do barulho ensurdecedor e daquela água abundante empurrando aquelas engrenagens que levam água a muitos quilômetros acima.

Dando seqüência ao nosso passeio pelo muitos quilômetros da propriedade, fomos visitar a parte que já está organizada e que é utilizada para a criação do gado. Lá encontramos outro exemplo de manejo que causa inveja a qualquer criador de gado que gasta fortuna com material humano, desgastando a atividade dos peões e causando-lhes tantos sacrifícios desnecessários, caso as invernadas estivessem organizadas. Tudo funciona como um grande Shopping onde nós da cidade costumamos fazer nossas compras e no final sempre passamos pela praça de alimentação para repor nossas energias. As mais diversas invernadas (núcleos de pastagens) são formadas em forma circular, com cercas elétricas, sempre dando vazão a uma área única arredondada onde o gado é alimentado com os nutrientes necessários, como sal etc. Assim, quando todo o rebanho ali se reúne para alimentar-se, apenas um peão fecha o portão onde estavam (com a pastagem desgastada) e abre o portão para a nova pastagem. Assim vai sendo feito o rodízio e quando o rebanho chega à última invernada do círculo, a primeira já está com a pastagem formada para o início do rodízio. Esse sistema permite a criação de milhares de reses, considerando que existem vários núcleos de mesmas características.

Outro detalhe que me chamou atenção foi o mangueiro da sede da Fazenda “Olhos Verdes”. Já tive ocasião de visitar muitas fazendas neste Estado de Mato Grosso do Sul, mas não tive a oportunidade de ver um curral tão organizado e tão imenso quanto ao desta fazenda. Quem o construiu pensou em todas as necessidades básicas que existem quando o gado está reunido. Ali dentro existe separação para tudo; para os cavalos; para exposição de animais, contando inclusive com uma passarela que se prolonga por muitos metros dentro do mangueiro; sala própria para a atividade de inseminação artificial etc. Existe um açougue especial, com todo o asseio necessário para quando uma rês é abatida para consumo próprio dos funcionários e do proprietário da fazenda. Os equipamentos para vacinação ou marcação, vinculados ao “tronco”, são de última geração e atendem todas as demandas relacionadas ao manejo do rebanho.

A fazenda em questão emprega dezenas de funcionários com seus respectivos familiares, que possuem casas próprias bem próximas da sede principal, sendo que esta última ainda é provisória e se acha alojada dentro de um dos dois imensos galpões que devem ter cada um o tamanho aproximado uma meia quadra. Esses alojamentos provisórios são acolhedores e abrigam pelos menos quatro famílias de visitantes e ainda o local especial do proprietário e sua esposa.

Um detalhe; fiquei sabendo – não pelo proprietário – mas por um assessor, que tais funcionários são tratados com todo o respeito no que diz respeito à relação patrão e subordinado e no mais alto nível profissional, pois todos tem carteira assinada e recebem impreterivelmente no dia preordenado no contrato de trabalho.

Está sendo construída uma pista para pouso de avião de aproximadamente mil metros. Ocorre que a região é bem distante do lado mais progressista do Estado e ainda conta com um acesso precário, tanto que no seu trajeto existe um trecho de cento e vinte quilômetros de estrada de chão que desgasta e torna a viagem exaustiva, embora tenha sido aprovado recentemente um projeto que autoriza a construção de asfalto pelo Governo Federal.

Assim, vi com entusiasmo todo esse complexo de trabalho e de dedicação ao progresso pecuário, observando que é possível que a evolução das coisas venha acontecer de forma organizada e sem lesão ao meio ambiente, até porque o mundo exige que o progresso venha alavancado por essa harmonia entre o homem e a natureza. A fazenda “Olhos Verdes” é um exemplo a ser seguido pelo empresário moderno, pois toda atividade que se integra à natureza deve ser executada dentro do chamado desenvolvimento sustentável, como ocorre com aquele recanto ficando às margens do Estado de Goiás.

Destarte, termino esta narrativa com uma poesia dedicada aquele pedaço de chão tão deslumbrante que está produzindo luzes que irradiam progresso e prosperidade.

Oh! Fazenda “Olhos Verdes”.

Tu és linda por dentro e por fora.

Seus olhos refletem suas matas.

Seu corpo a grandeza das idéias.

Seus campos o alimento do gado.

Seus riachos a esperança da vida.

Suas rochas a força do trabalho.

Suas terras a certeza do futuro.

Seu cenário a beleza dos olhos.

Seu dono te traz alento.

Suas terras o alimento.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 05/01/2009
Código do texto: T1369308