Tal irmã, Tal irmã!

Diferentemente da penúltima vez, resolvi passar a virada do ano na casa dos meus pais, com toda a família, que veio de quase todo canto do Brasil. Veio tio de Brasília, vó de Recife, tio do Paraná e por aí vai. Tava uma beleza! Como eu decidi de última hora passar quatro dias lá, arrumei minha mochila nas pressas e nem deu tempo de planejar roupa pro ano novo, então coloquei tudo quando é roupa branca dentro. Chegando lá, minha vó me deu de presente uma blusa verde linda. Ocorre que ela comprou mais duas blusas do mesmo modelo para as minhas duas irmãs, uma laranja e uma amarela.

Pois bem, no dia 31 fomos eu e minhas irmãs, que são gêmeas de 17 anos, escolher as benditas roupas que iríamos usar mais tarde. Foi um troca-troca que me deu até dor de cabeça. No final das contas, eu escolhi usar a blusa verde da minha vó com uma saia branca. Fui a primeira a escolher e fiquei assistindo as duas se matando pra escolher as delas. Até que elas se decidiram. A Raquel escolheu uma bermuda (minha, por sinal) e uma blusa branca. A Rebeca escolheu uma calça jeans com uma blusa branca. Ninguém merece gastar tanto tempo para um visual tão clichê. Mas tudo bem. Assim ficou combinado. Passamos a tarde inteira e parte da noite trabalhando que nem condenadas, fazendo comida para os outros, arrumando uma mesa que em breve estaria revirada e deixando tudo um brinco. Depois, fomos tomar banho e nos arrumar para esperar o povo.

A Raquel foi a primeira e, para minha surpresa, ela saiu do banheiro vestindo a blusa laranja que minha vó deu! Então, entendendo que poderia ter sido apenas um engano, eu disse a ela:

- Raquel, você não ia usar a blusa branca e eu, a verde?

- É claro que não! Eu já tinha escolhido essa há muito tempo!

Meu Pai eterno, que raiva que me deu. Cínica e cara-de-pau, ela! Insisti dizendo que eu não tinha trazido boas roupas (o que ela já sabia) e que já tinha escolhido a minha blusa muito antes, mas ela nem se importou e desceu as escadas como se eu não estivesse ali. Sem brincadeira, me deu vontade de descer correndo atrás dela e arrancar a merda da camisa à força! Mas, contrariando meus instintos, eu me contive e muito p..., fui tomar meu banho.

Estavam todos lá embaixo, quando eu desci, vestindo minha blusa verde, feliz da vida e pouco me lixando pra ela, que ficou olhando com uma cara de "putz... que mico". Mas aí é que está, eu não fiquei tão incomodada por estar vestindo a mesma blusa que ela. Se ela estivesse, que fosse se trocar. O tempo foi passando, o povo foi chegando e nem eu, nem ela trocamos palavras nem roupas, já que é uma de nossas maiores semelhanças, o orgulhosinho petulante. Aos poucos, começamos a conversar, tirar fotos, festejar, brindar, comer, cantar. E naquela noite, as gêmeas éramos nós, que começamos o ano de 2009 de bem e com a mesma roupa!

05 de Janeiro de 2009

Ana Marlyny Monteiro Souza
Enviado por Ana Marlyny Monteiro Souza em 05/01/2009
Reeditado em 05/01/2009
Código do texto: T1368184
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