A chegada

Quando cheguei ao lugar em que cresci, depois de alguns dias de viagem, a primeira coisa que vi foi às mesmas pessoas de sempre na rua. Sabem aquelas que ninguém se importa, aquelas esquecidas por tudo e todos – somente o tempo não se esquece delas – então, essas eram as únicas pessoas na rua naquele dia.

Como as tartarugas carregavam sua casa nas costas e a água que esquentava os seus corpos não era a mesma que eu bebia. Não havia ninguém a esperar-lhes. Como se não existissem andavam em círculos, pois sempre paravam nos mesmos lugares e simplesmente nada faziam, somente sentavam-se.

Isso foi o primeiro contato que meus olhos tiveram do lugar em que cresci. Não havia alegria, nem sorrisos, muito menos felicidade nesse dia. Vi somente tristeza, olhares sem horizonte, e corpos com grandes aventuras a contar de suas imaginações, pois algo que se resta a pessoas como estas é a imaginação.

Condições adversas existem para todos, para alguns são como o fim, para outros recomeço, depende de cada um para não deixar-se abater.

Sabe, quando eu sair do lugar em que cresci, e retornar um dia, mesmo que distante, espero que os meus olhos não vejam o que os olhos do mundo não vêem, mas não da maneira a qual o mundo quer, esquecendo os que eu considero fracos, e sim que os fracos se tornem fortes, para superarem seus medos e mostrarem ao mundo que como uma semente que germina ao ser cuidada dá frutos, para uma pessoa desolada ainda existe esperança.