Pisadas na Bola IV

A mais trágica pisada na bola do futebol do Brasil. A seleção brasileira de futebol foi entregue ao bairrista técnico carioca, o Sr. Flávio Costa. Por vezes poder-se-ia dizer, até mesmo mal-intencionado.

O Sr. Flávio Costa tinha os melhores craques do país à sua disposição para montar nossa seleção. Entretanto, como técnico do C. R. Vasco da Gama convocou toda a sua equipe, até mesmo jogadores que eram reservas no seu time. Se tivesse sido criterioso, convocaria Cláudio, ponta direita do S.C. Corinthians Paulista, Simão, ponta esquerda da Portuguesa de Desportos, também Mauro, do São Paulo F.C., todos jogadores que haviam feito um grande Campeonato Sul-americano em 1949, no Brasil.

A Seleção de Flávio Costa era formada por: Barbosa, Augusto e Juvenal (mas poderia ser Barbosa, Djalma Santos e Mauro); Na linha média de Flávio Costa estavam: Bauer, Danilo e Bigode (mas ficaria melhor com Bauer, Danilo e Nilton Santos). A linha atacante que jogou na copa contava com Maneca, Zizinho, Ademir, Jair e Chico (mas se o bom senso prevalecesse teria sido formada por Cláudio, Zizinho, Ademir, Jair e Simão).

Mesmo depois de tantas lambanças, como prestigiar Maneca, Juvenal, Chico e Bigode, que não serviriam para carregar as chuteiras de Cláudio, Nilton Santos, Mauro e Simão, chegamos à final da copa com amplo favoritismo, após termos passado com facilidade pela Suécia por 7 x 1 e pela Espanha por 6 x 1.

Nessas partidas o nosso trio atacante formado por Zizinho, Ademir e Jair, esteve infernal.

Na final, contra a envelhecida seleção do Uruguai, todos esperavam nova goleada, mas esbarraram na firme, experiente e viril defesa do Uruguai, e o nosso ataque não conseguiu reeditar as partidas anteriores e perdemos por 2 x 1, perdendo a Copa, em casa.

Eu, na época com 16 anos, ouvi o comentarista da rádio Tupi de São Paulo, Geraldo Bretas dizer, com voz embargada pela emoção, que os deuses dos estádios tinham se vingado pelo fato de o Sr. Flávio Costa ter feito tanta bobeira e não ter preparado psicologicamente a seleção para a grande final. Mais uma homérica pisada na bola.