Beleza interior
Estava hoje na Igreja preparando as crianças do coral da catequese para a apresentação do Natal. Na saída, uma das meninas me acompanhou e fomos caminhando até minha casa. Conversamos sobre todos os tipos de assunto, um papo pra lá de bom.
Estávamos nos aproximando da minha casa quando ela me perguntou se podia entrar.
- Claro! - disse eu num tom vibrante.
Adentramos, e ela percorreu todo o recinto com um olharzinho de surpresa e disse: - Tia, sua casa é tão bonita!
É incrível como esses meninos adoram nos chamar de tia, tio... Bem, eu acatei o elogio e convidei-a para sentar. Confesso que estava um pouco exausta, mas ela me fazia tantas perguntas que eu não conseguia deixá-la sem respostas.
No meio da prosa, ela fixa o olhar em mim e diz com um tom suave e carinhoso: - Tia, você é tão bonita!!!
Sou suspeita para falar.
Sabe o que me chamou atenção nisso, é que eu estava realmente muito desarrumada, cabelo assaranhado, roupa que não me caía bem, enfim, neste dia havia acordado totalmente sem inspiração para arrumação física.
Aproveitei esse episódio e tirei uma lição dele. A criança tem a percepção aguçada, ela vê além do exterior e naquele momento eu percebi a colocação dela. A Raira, assim ela se chama, foi buscar não minha beleza física, mas a beleza interior. Para ela, o que transpareceu foi meu carinho para com sua pessoa, a atenção que a dediquei, e isso foi o estopim para ela formular todo aquele conceito. Foi essa a resposta que achei para esse elogio.
Muitas vezes nos preocupamos tanto com o lado de fora que esquecemos de regar o lado de dentro, e quando caímos nesse esquecimento jogamos fora o que há de mais belo no âmago do nosso ser.
E o ponto fundamental nisso tudo é que quando nosso interior está debilitado, da mesma forma transparece no nosso exterior ou vice-versa. É o ser humano, com todas suas limitações, vulnerável de certa forma ao mundo que o cerca.