CHUVA LÁ FORA E PÃO QUENTE COM MANTEIGA DERRETIDA

Não é difícil voltar a ser criança. É bem fácil, na verdade. Nesta sexta-feira em que passei a tarde em casa descansando, eu meio que entrei em em alguma curvatura espaço-temporal. E de repente, parecia que eu estava lá, em alguma daquelas tardes da infância, dormindo com o barulhinho da chuva no telhado. Em muitas daquelas tardes preenchidas com a leitura de pilhas de revistas em quadrinhos ou livros, ou mesmo, rabiscando alguma historinha boba.

Naquelas tardes em que não se temia à chuva e a nossa turma costuma jogar taco debaixo d'água, sob protestos de nossas mães que alertavam que iríamos ficar doentes. Que ficar doentes, que nada. Às vezes, era quando chovia mesmo que a gente fazia nossas aventuras, pegando carona nos trens da RFFSA ou pulando entre os vagões, brincando de se esconder. Nos dias de chuva também era possível que nos reuníssemos uns na casa dos outros para assistir algum filme que passasse na Sessão da Tarde, qualquer um que fosse. Naquelas tardes de infância não tinha filme ruim e qualquer um que passasse seria bom para nós, desligados de qualquer senso crítico de futuros cinéfilos. (O Chico e eu, pelo menos).

E tão logo terminava o filme, tratávamos de reproduzir algumas cenas em nossas brincadeiras. De repente, podia ser o Karatê Kid, o Rambo, os Caça-Fantasmas, King Kong ou o Superman. Depois de tantas horas de brincadeiras, lá pelas 4 ou 5 da tarde batia a fome e corríamos para nossas casas a fim de nos alimentarmos para nos encontrarmos dali há pouco e continuar as nossas brincadeiras, nem que fosse só por mais uma hora (antes do chamado definitivo de nossas mães e que ecoava pela vizinhança). Ao chegar em casa, aquele cheirinho de pão quente, recém saído do forno, se espalhava pela casa. Sabe, né? É gostoso de passar a manteiga por cima e vê-la derretendo-se e conferindo um sabor especial.

A tarde de hoje, 02 de janeiro de 2008, estava perfeita de dormir com a chuva lá fora, fazendo barulho no telhado, aqui em Santiago do Boqueirão. Mas a minha mãe conseguiu torná-la melhor ainda com a fornada de pães quentes que ela preparou para mim. Me derreti como se fosse manteiga....

Márcio Brasil
Enviado por Márcio Brasil em 02/01/2009
Código do texto: T1364198
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