Marcas de um Amor.
Neste primeiro dia do ano de 2009, gostaria de escrever sobre o tema que mais gosto: Amor.
Recentemente, li um artigo da psicanalista Regina Navarro Lins, cronista do jornal “O Dia”, autora do “Beste Seller” “A Cama na Varanda”; no qual ela defendia basicamente dois argumentos: que era possível amar duas pessoas ao mesmo tempo, da mesma forma e com a mesma intensidade. Considerava também plenamente normal uma relação sexual entre amigos (homem e mulher}, apenas pelo prazer.
Toda essa argumentação fez-me lembrar um caso real acontecido no Sul do Brasil com um jovem casal, que relato a seguir:
... Era uma adolescente de dezessete anos de idade; cheias de sonhos e planos para o futuro. Naquele momento, seu maior objetivo era concluir os estudos, que lhe assegurasse uma vida profissional estável.
... Foi no pátio da escolha que o viu pela primeira vez, e ali mesmo teve a certeza de que seria pra sempre.
Apenas se olharam insistentemente sem dizer nenhuma palavra, até que se perderam de vista.
Nos dias seguintes procuravam um pelo outro entre as centenas de alunos; até finalmente se encontrarem novamente e conseguirem coragem pra conversar.
Em pouco tempo estavam namorando, e foi algo tão forte que desejavam o conhecimento dos seus pais.
A princípio foram contra por conta da pouca idade de ambos. Imaginaram que seria apenas mais um namoro, e que tudo não passaria de alguns meses, com acontece normalmente com os adolescentes nesta idade. Mas não foi assim que aconteceu!
A vista de todos, na escola, como em casa, o sentimento de um pelo outro parecia cada dia maior. Era impossível ver um, sem que o outro estivesse presente. Dividiam todos os minutos dos seus dias.
Seis meses de namoro e chegaram à conclusão de que não dava mais pra viver sem o outro. Decidiram pedir permissão dos pais para o noivado e casamento; a ser marcado o mais rápido possível.
Claro que os pais dos adolescentes foram contra a princípio. Entendiam que eram muito jovens ainda, e que deveriam terminar os estudos, dar início à vida profissional pra depois então pensarem no casamento.
Fizeram o possível pra persuadir os dois a desistirem da idéia, mas nada adiantou. Estavam firmemente decididos a não viverem mais separados.
Pra não verem os filhos tomarem a atitude de sair de casa, apoiaram. Dariam toda ajuda que pudessem, até que conseguissem terminar os estudos e ter condições de se manterem por conta própria. Ficaram noivos, com data do casamento marcado.
Um acidente de carro aconteceu, e parecia que iria mudar tudo isso:
Ele sobreviveu, mas teve o rosto completamente e irremediavelmente desfigurado pelas chamas. O diagnóstico médico foi o pior possível: Não havia cirurgia plástica que fosse capaz de lhe refazer os traços do rosto. Teria que usar uma máscara para o resto de sua vida.
Foi um duro golpe numa adolescente de apenas dezessete anos. O maior de sua vida.
Quando se viram pela primeira vez depois do acidente, foram difíceis as palavras. Por entre a máscara que ele usava, só era possível reconher os olhos. Eram os mesmos de sempre. Naqueles olhos estava o Amor de sua vida.
Aos poucos, ele tentou convencê-la de que seria melhor terminar o noivado. Não queria que ela ficasse presa a ele por nenhum outro sentimento que não fosse Amor.
Mais uma vez aquele Amor surpreendeu a todos, e se mantiveram juntos com o firme propósito de se casarem, tão logo fosse possível.
Poucos meses depois, ele ainda com a máscara sobre o rosto, se casaram. Um ano depois tiveram gêmeos; um menino e uma menina. Estão juntos até hoje, com planos de encherem a casa e suas vidas de filhos.
Aquelas chamas haviam lhe desfigurado o rosto, mas sequer arranhou o Amor que ambos sentiam...
Depois desse relato, me fiz a seguinte pergunta: Essa jovem amaria um outro rapaz ao mesmo tempo, da mesma forma e com a mesma intensidade?
O que ela sente pelo agora marido pode ser confundido com “amor” desses por um dia?
Vejo com tristeza as jovens que transam com os rapazes depois de um baile, sem sequer lhes perguntar o nome.
A liberalização desenfreiada do sexo traz como conseqüência imediata à banalização, e a perda da referência do significado do que seja Amor. A rotatividade é tão grande que não há chances, nem tempo pra nenhum sentimento mais profundo.
Muitos acreditam, que a completa liberalização do sexo seja uma tendência irreversível e universal. Prefiro acreditar que não! Prefiro imaginar que a senhora do artigo do jornal “O Dia”, jamais viveu, ou desconhece o verdadeiro significado do que seja Amor.