Genética…

Sou um católico que regressou à sua casa espiritual após alguns anos de agnosticismo.

Sou um católico liberal, sem contudo ser permissivo.

Identifico-me mais com a palavra original que conheço de Cristo, do que com alguns pontos da Igreja actual, sem que essa deixe de ser a minha Igreja.

Como passei a minha adolescência e parte da vida adulta até 2007 agnóstico, possuo um ponto de vista no que toca aos pontos sensíveis da minha religião, algo diferente.

Há coisa de mais de 500 anos seria um herege, e se calhar arderia na fogueira, mas hoje sou um crítico, duma forma que procuro consistente e elaborada de forma a dar credibilidade aos meus pontos de vista, mas sempre aberto a outras opiniões diferentes da minha.

O facto de escrever imenso e, na prosa, principalmente ficção científica, leva-me a ler muita coisa para tentar imaginar futuros que anseio pela sua verosimilhança, embora neste género literário tudo seja tremendamente subjectivo…

Creio por exemplo, cada vez que o homem se abeira de alguma inovação tecnológica, nada o separará de a atingir, mais tarde ou mais cedo e de lhe dar o uso dualista que costuma dar, maravilhas que permitem ou criam vidas, algo de perturbador que a extermina se usada pelos chamados cientistas bélicos…

A energia nuclear é um exemplo claro do que acabei de escrever, mas de uma forma inversa – Começou por ser uma arma de terríveis efeitos e na actualidade, se for bem usada, é uma fonte de energia quase inesgotável, e até há quem diga que as naves que vão explorar o espaço longínquo usarão este tipo de energia.

Outro ponto polémico é a genética…

Em pouco tempo ela será uma realidade ainda mais vincada do que na actualidade – Poderemos prevenir uma série de doenças hereditárias antes delas aparecerem, isto com uma simples manipulação de genes no futuro ser a nascer; vamos criar clones, no espaço de um século não se irá discutir a sua existência, mas sim se deverão ter os mesmos direitos que nós…

Não me oponho a tal desde que a genética não seja mais um instrumento de discriminação, como o indica o visionário filme “Gattaca”, os clones poderão ser uma forma de sobrevivência da espécie humana, se se confirmarem os piores receios que indicam que neste inicio de milénio os humanos estão a ficar estéreis…

Mas oponho-me e sempre me vou opor a que os seres manipulados geneticamente sejam os novos “super-homens” da raça, criando assim uma casta de senhores perfeitos que mandarão na humanidade “imperfeita”.

Lutarei com todas as minhas forças para que os clones, ou seres nascidos em laboratório sem pai nem mãe, se tornem nos novos escravos humanos, como de resto escrevi tal num conto algo negro dos finais dos anos 90.

Sou pela vida e serei sempre pela vida, apoiando a ciência em todas as suas frentes, pois na ciência está o futuro, está a nossa vida, a nossa sobrevivência, valores que devem estar acima de qualquer credo, mas não da ética, pois a ética é o instrumento principal da conduta humana e que nos deverá guiar pelos caminhos daquilo que espero que seja um radiante futuro.

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 31/12/2008
Código do texto: T1361795
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