PERGUNTAS BURRAS E RESPOSTAS CURTAS

PERGUNTAS BURRAS E RESPOSTAS CURTAS

Marília L. Paixão

Já que é o último dia do ano vou escrever algo... Algo o que? Talvez um algo diferente ou um algo qualquer mesmo?! Não vou me comprometer. Quem quiser se arriscar com a leitura que continue. Vamos fazer de conta que estamos dentro de um carro apertado doidos para descer, mas o carro não para e pular não é aconselhável. Lá fora tem uma legião de caras de alguma facção não amistosa deste Brasil. Alguém deseja descer assim mesmo?!

Vamos então prosseguindo a viagem neste texto sem grandes expectativas de futuro já que a crise está no início. Falei que minha irmã americana veio para um casamento, mas não ficou para o Natal? Pois é! E o marido dela, americano puro, daqueles bem bonitos veio junto. Como quem não quer nada eu perguntei para ela: Mas e a crise?! Chegou a afetar seu marido de alguma forma?

Do outro lado da distância da mesa ela deu uma resposta curta com jeito tranqüilo de quem está dando atenção para várias pessoas ao mesmo tempo. – Sim. Afetou. Mostrando de vez o quanto eu estava desinformada e realçando a nossa pouca comunicação no decorrer dos últimos meses eu insisti. – Mas afetou como?! Eu quis saber. – Ele está desempregado. Ela respondeu.

Não mais continuamos o assunto. Afinal, a noite era de festa e ela continuava bem empregada e bem remunerada, graças a Deus. Do outro lado da mesa ela sorriu e continuava linda. Eu me lembrei então que o cunhado trabalhava com venda de carros de acordo com a conversa de menos de dois anos atrás. Preciso passar menos tempo no recanto e combinar papos mais freqüentes com minha irmã no MSN, pensei. Era um bom pensamento para a agenda de 2009. Mas quando é que eu me agendo para alguma coisa? Neste mundo globalizado uma agenda é preciso. Eu preciso me lembrar disto!

Mas o bom de crônicas é que podemos realçar qualidades das pessoas e momentinhos de pouca inteligência de outras. Imagina que essa mesma irmã nessa viagem teve coragem de trazer um baby de poucos meses para a vó conhecer. E nem era bebê dela! O bebê de uma sobrinha. E do outro lado da mesa eu fiz a pergunta retardada: - Deu muito trabalho trazer o bebê?! Nem é preciso já ter sido mãe para saber a resposta. Basta imaginar a diferença entre trazer um notebook dentro de uma mala e um bebê no colo. Há uma grande diferença! Qual dois dois você imagina que dará mais trabalho para trazer?

Tem coisas que só mesmo brasileiro é que faz. Tanto em grandes ações como em perguntas idiotas perfeitas. Qual de vocês seria capaz de adivinhar a resposta que ela me deu? Foi uma respostinha curta, pois em volta da mesa outras pessoas perguntavam outras coisas para ela. Perguntas mais inteligente que as minhas é claro. Mas as minhas perguntas eram todas fáceis de responder. Ela disse bem assim: - Deu. Pior foi que eu não ouvi. Perguntei para a amiga do lado. O que foi que ela disse?! A música da festa estava um pouco alta. – Ela disse que deu! –DEU?! – sim! – Deu! (Minha irmã ouviu e do outro lado da mesa entrou em detalhes. Fiquei mais satisfeita, mas não me senti menos burra.)

O papo voltou para a generosidade e disposição para boas ações que certas pessoas têm enquanto outras vivem cercadas pelo curto circuito do egoísmo que quando dispara dá choque em todos que os rodeiam sem se importar com fatores biológicos, psicológicos ou de diversidades sociais. Outro detalhe é que a avó que não conhecia o neto nem era do nosso grupo sanguíneo, era da parte do pai do bebê (sogra da sobrinha). Se minha irmã não trouxesse os pais é que não trariam, pois nenhum dos dois possui o Green card. Mas como o bebê é americano, este pode ir e voltar.

Mas vocês de pura e única cidadania brasileira dentro deste carro apertado com um monte de gente perigosa lá fora vão continuar quietinhos aqui até a Marília dirigir este texto para um lugar mais aconchegante. Que tal na porta de um hotel cinco estrelas?! Seria um belo início de 2009 não seria? Já pensou se lá dentro vocês pudessem encontrar um ano com a cor das realizações dos sonhos de cada um? Como eu sou realista refletir é melhor que sonhar e na falta de cão nos resta caçar com um gato.

Pense numa noite num motel com piscina aquecida, hidromassagem e sauna a sua disposição pagando 300 reais por algumas horas e ache que isto já seria maravilhoso. Para quem quer descer eu vou parar naquela esquina ali em frente perto do cachorro quente sem nenhum Michey Mouse. Quanto as perguntas inteligentes, elas dariam um livro por isso citei só as bobinhas. Desculpem o aperto e grata por terem feito parte do passeio. O Brasil é isto ai. Por acaso você tem 300 reais sobrando?! Fique feliz se não estiver faltando.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 31/12/2008
Reeditado em 31/12/2008
Código do texto: T1360929
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