ESTOU FELIZ

E a senhora Gertrude Stein falou para Hemingway, da turma da “geração perdida”: quer ser um grande escritor? Então extrai da banalidade um significado, aproxima-se mais do discurso espontâneo, sem temer a repetição de palavras ou frases. É o que estou tentando fazer, na expectativa que o sol também pra mim se levante. E mesmo sem ser hoje sábado, há um renovar-se de esperança. ESTOU FELIZ. Agora indago: o que a gente diz, o que a gente escreve quando se sente feliz? “Ora (direis) ouvir estrelas?” Mas o Bilac afirma que só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e de entender estrelas. Por acaso estaria eu amando para ouvir e entender estrelas? Enquanto isto o mar me espera... O mar de Caymmi. Seria doce morrer no mar? Só se for de saudade. Pois saudade é uma palavra triste, mas só quando se perde um grande amor, diz a cantiga. Sabe do que mais, estou começando a perceber o quão egoísta sou, estou sentindo dificuldade em escrever este texto, de repartir o meu momento feliz. Esquisito isto, se fosse para falar de tristeza as palavras por certo jorravam aos borbotões . Não sei por que quando escrevo não me comporto feito o Flaubert, que disse “ O autor, em sua obra deve ser como Deus no universo: onipresente e invisível”. Só garanto ficar escondidinha por uns dias. Estou indo minha gente querida. FELIZ ANO NOVO, logo, logo estou voltando. Por certo que sentirei muitas saudades, de você, de você, de você e de você...

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 30/12/2008
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