Natal/Reveillon 2009

E em todos os anos, a esta mesma época, é como se nossas almas se reascendessem e acreditassem mais na vida e ficassem mais próximas dela. Todos os anos esse ar de esperança chega até nós e nos agita, impulsiona e nos permite redesenhar valores novos e novas crenças na humanidade.

Chegou o Natal. Se não nos houvesse chegado esta crise de crédito, bem que o país poderia provar um sabor mais adocicado com as vendas natalinas de agora. E olhe que ela pousou justamente próximo aos ares de esperança natalinos e ao tão esperado Reveillon. Quando pensávamos que poderíamos correr, apenas nos será permitido andar pausadamente e com um reolhar mais vívido ao nosso redor, no que tange não apenas ao crédito financeiro, mas aos demais, da ética ao áulico. Reaprender com essa crise é necessidade imperiosa e chance que jamais devemos desperdiçar. Nosso “Reveillon” será colorido por novas nuances econômico-financeiras. Haveremos de abrir espumantes, mas talvez o champanhe tenha que ser ou adiado ou no mínimo reduzido em seu consumo. A crise pede um pró-seco e uma ceia com menos salmão e mais criatividade gastronômica. Ninguém deverá ficar de barriga vazia, mas enchê-la com moderação; é o que se espera.

O Papai-Noel estará alegre e vociferando o seu já famoso “ro ro ro”, mas em seu saco deverão estar presentes menos caros. E como toda regra tem sua exceção, não poderemos deixar de acreditar que o comércio da Rua Oscar Freire não deva sentir tanto a diminuição do crédito de seus consumidores, afinal, a essa época, essa turma mais abastada pinta e borda nesse intervalo pré-momesco, quase, entre o Natal e o Reveillon. Isso é como os fogos da passagem do Ano Novo: nas épocas de crise diminuem, mas não desaparecem.

E como as crises costumam ensinar-nos com suas faltas, creio que um Natal bem oportuno ao clima de agora já esteja sendo ofertado aos credores, nem tão fartos, dos Shopping Centers e similares. Após o trago de alguns goles de um bom espumante nacional, a festa não se mostrará menos colorida, nem tampouco as nossas esperanças em um 2009 com maiores dificuldades.

É bom cuidar-nos para não gastar com o supérfluo, recriar hábitos de consumo que não nos escasseiem tanto o dinheiro já minguado e ponhamos por fim ao hábito “vamos gastar tudo agora que amanhã a gente arruma dinheiro e paga a conta”. Isso poderá levar-nos a um endividamento e ficarmos sem pró-seco ou quem sabe pré-molhado.