ENCONTROS VIRTUAIS

Hoje um assunto atual e interessante surgiu entre um grupo de amigos:

Atrás de uma enormidade de telinhas de computador se escondem milhares de pessoas que buscam conhecerem outras e com elas trocar seja lá o que for!

Em se tratando de relacionamentos afetivos, o computador, sendo uma preciosa ferramenta de integração global, pode ser um instrumento positivo para este fim, mas sua função neste sentido deveria ser vista apenas para fazer um primeiro contato.

A discussão desenvolveu-se a partir de trocas de experiências que só tiveram a mostrar decepções e desencontros, ou seja, uma colheita avessa ao objetivo inicial.

No meu modo de pensar, só haverá encontros saudáveis e com alguma chance de se desenvolverem desta forma se os dois lados de uma conexão se dispuserem a levar para o real aquilo que foi despertado virtualmente.

Fico impressionada com certas histórias que escuto sobre este assunto...

Vejo pessoas aparentemente inteligentes se envolvendo profundamente com outras, alicerçadas em suposições que tem como única base um teclado, um monitor, um telefone ou a câmera de web-cam de uma fria máquina de comunicação.

Sei, pela minha própria experiência, da facilidade que a internet oferece para uma abordagem com intenção de usufruir de algum encontro (nem sempre no sentido literal da palavra) entre duas pessoas, independente de se estar inscrito ou não em sites específicos de relacionamentos. Qualquer site que abra portas para um contato entre dois pode ser usado para isso.

As pessoas estão carentes e solitárias. Não teem tempo para freqüentar lugares de lazer, nem dinheiro para gastar com isso, e estão assustadas também pelo perigo a que possam se expor fora de casa. A comodidade de fazer contato sem qualquer esforço maior que não seja ligar um botão é uma prerrogativa atrativa... Por outro lado, a máscara que a telinha empresta é um artifício ideal para ocultar dados verdadeiros, timidez ou falta de traquejo em se acercar de alguém. Muita coisa pode ser minimizada ou colorida com a falsa impressão de ser poderoso, bonito, resolvido, jovem, rico ou coisa que o valha.

Muitos homens estão até achando mais cômodo e mais fácil fazer sexo virtual e algumas mulheres estão se convencendo de que esse procedimento é normal e de bom padrão, sem se darem conta de que estão apenas se masturbando em conjunto e não fazendo amor de verdade! Ambos estão se enganando e tentam acreditar estarem sendo livres e moderninhos...

Tenho comigo uma conclusão, desenvolvida pela observação que me é peculiar, através de experiências pessoais ou pelo relato de outras pessoas sobre seus relacionamentos virtuais, que não falha:

Quem nada tem a esconder, quem é verdadeiro naquilo que afirma escrevendo em um teclado ou mostrando em uma foto digital, quem é seguro e saudável o suficiente para despertar a atenção de alguém igual, não se alimenta do virtual por muito tempo! O desejo de viver um relacionamento real, seja lá como ele for, será sempre maior, caso contrário algum problema existe por trás daquela imagem, alguma verdade está sendo camuflada ou alguma doença psicológica ou emocional envolve aquela situação!

Conheço casos raros de pessoas que se conheceram através de um computador e depois até puderam viver uma relação boa e se sentirem felizes, mas a internet foi apenas um “gatilho” para o início de uma realidade desenvolvida a partir disso.

O que me assusta mesmo são os inúmeros casos que encontro ou escuto de pessoas que estão por aí, vivendo encontros puramente virtuais, pautando suas vidas em compromissos ilusórios ou se contentando apenas com relatos sem provas daquilo que lhes é escrito com bonitas palavras e português correto e que, impreterivelmente, se expõem a finalmente descobrir, quando (e se) conseguem realizar um encontro real, o tipo de pessoa problemática com quem estiveram se envolvendo!

Há de se ter muita cautela dos perigos de se aventurar neste mundo de ilusões e estar o tempo todo consciente de que do outro lado do monitor não está aquele que se imagina e sim aquele que é o que é!

Só o olhar nos olhos poderá nos dizer mais precisamente com que realidade estamos lidando! Existem coisas que nenhuma modernidade tecnológica poderá nos dar e uma delas é justamente essa!

Se quisermos imaginação, ler um livro pode ser bem melhor e certamente nos dará muito mais conteúdo e muito menos risco de sofrimento inútil!