Pesadelo em uma manhã de inverno
Enfim chegou a primavera, a estação das flores, do resplendor da natureza e das cores.
Como que pegando carona, veio junto, o sol, o calor intenso (sufocante) dos quase 40 graus que irradia vida, luz, suor e cerveja, afastando de vez aquele friozinho doído que nos transforma em verdadeiros ursos, hibernados em tocas.
O pior é que, no frio, o apetite é insaciável, você acaba de jantar pensando numa pipoquinha ou numa sobremesa quente (não estou me referindo a sexo), mais tarde um chá com bolachas (torradas também vai bem) e antes de dormir, lá pela meia noite, um nescau ou capuccino fumegante encerra a noitada ociosa (a taxa de colesterol batendo recordes).
De manhã é que sentimos, na pele, a falta do calor do sol, como é difícil sair da cama, que vontade de ficar mais um pouquinho, embaixo dos cobertores, mas o dever nos chama e não nos resta fazer outra coisa senão levantar e irmos à luta.
Nem o motor do carro quer pegar na partida, como se protestasse ter que sair àquela hora da madrugada, um vento frio sopra sem dó e a garoa aumenta a sensação de friagem, as mãos doem como se o sangue estivesse congelado nas veias deixando as pontas dos dedos totalmente brancos e os pés, um sorvete.
Quando estou saindo com o carro, começa cair uma chuva forte e, de repente, acaba a energia elétrica me obrigando a descer para abrir o portão manualmente debaixo de uma tempestade (que saudades daquela cama quentinha) sem fim, já ensopado e tiritando de frio dirijo pelas ruas desertas, não tem uma viv’alma (também com um frio desses) a vista.
Fico imaginando minha cama aconchegante, aquele café da manhã (não tão de manhã assim) com pão quentinho e tudo à que tenho direito, depois voltar pra cama mais um pouco para ler o jornal, debaixo das cobertas e longe desta chuva fria, sinto até um arrepio (de frio mesmo).
Que saudade daquelas manhãs ensolaradas onde você acorda disposto, dá vontade de sair da cama, fazer uma caminhada, tomar um bom banho, um cafezinho e ir defender o pão de cada dia, feliz.
Por falar em feliz, parece que furou o pneu (que dia infeliz).
Tem dias que a gente não deveria sair da cama, parece que dá tudo errado, agora que eu já começava a me sentir mais quentinho vou ter que fazer a troca debaixo de chuva, ai que frio. Depois de muita água na cabeça, uma batida no dedo (que dor), sujar os sapatos de barro e rasgar a calça (pra não falar do frio), só me resta voltar para casa pra trocar de roupa antes de chegar no serviço (atrasado).
Pronto, agora que estou novinho em folha (mas ainda com frio) já posso prosseguir, espero que não me aconteça mais nada pois, com um frio desses, eu resolvo protestar, volto pra cama e vou dormir até...ops...hoje é domingo.
Wilson Silvério