Minha terra tem palmeira onde canta....

Ah... como é bom morar no interior, longe do barulho infernal do trânsito, da poluição ( na capital dá até para enxergar o ar que respiramos), da crescente violência, da falta de tolerância das pessoas, enfim, dos problemas que acarretam o progresso desenfreado.

Enquanto escrevo, um bando de pardais, à minha janela, irrompe o silencio da manhã com seu peculiar chilrear, o sol brilha sobre os campos verdejantes e a vida segue sua rotina nessa imensa paz que o interior traz ao nosso interior.

A gente anda pelas ruas da cidade saudando os amigos e conhecidos, parando aqui e ali para um rápido bate papo, perguntando pelo familiar deste ou daquele, convidando ou sendo convidado para uma visita, almoço, jantar, churrasco, etc.

Quando chove sentimos o cheiro do mato (nossa como piam esses pardais), da terra molhada como em nenhum outro lugar, os rios parecem cantarolar enquanto escoam o excesso de água dos seus leitos (mas não como esses barulhentos pardais).

O entardecer é um convite, às pessoas, para uma bela caminhada pelas estradas vicinais que circundam nosso município (será que estão fazendo ninho na minha janela?) deixando-nos, ainda mais, em contato com a natureza pois, sem arranha-céus, temos ao nosso redor os verdes campos como companhia e o esplendor do firmamento à frente (também um monte de pardais, nos fios, pipilando).

É prazeroso observar o gado, bezerros, cavalos e ovelhas pastando numa infindável calma, sendo acompanhados pelas brancas,magrelas e silenciosas garças ou, um bando, de escuros anus em busca de parasitas para sua refeição (bem que os pardais poderiam fazer parte deste grupo e sair da minha janela).

A noite vem de mansinho com seu negro véu (ufa...os pardais foram dormir) realçando o brilho das estrelas, a brisa suave e quente nos convida a sentarmos à varanda onde observamos as constelações e o passar de aviões que cortam os céus com lampejos intermitentes...que sossego.

E é nessa calma profunda que nos recolhemos ao nosso leito e privilegiamos um sono abençoado sem sobressaltos de tiroteios, acidentes de carros, assaltos à mão armada, arrombamentos, balas perdidas, etc, até de manhãzinha quando no despontar da aurora....os malditos pardais voltam a chilrear na minha janela.

Cadê meu estilingue???

Wilson Silvério