Namorar é uma complicação

Namorar é uma complicação

Tiago Caldeira

Quem ama sofre, essa é a verdade.

João, um funcionário de empresa privada, vivia suspirando:

- De que adianta ter namorada e não poder ficar ao lado dela.

Lutou para conciliar as férias dele, com as de Júlia. Os dois moravam distantes um do outro e pouco se viam. João vivia no interior e sempre que pegava férias, não pensava duas vezes e viajava. Dessa vez ele convidou Júlia, dizendo:

- Amor, vamos viajar?

-Não, eu não estou a fim! Exclamou Júlia, sem mesmo saber para onde, recusou o convite do jovem que tanto lhe queria bem.

- Eu queria tanto, poder viajar com você!

- João! Passamos bastante tempo nos alimentando por telepatia, agora que tiramos férias, pensei que fossemos ficar juntos. Chantageou a donzela.

- Mas eu quero ficar ao seu lado, você é que não quer ir comigo.

Confuso e sem querer deixar sua “gata”, o jovem João promete que volta logo. Não chateada, mas com algumas evidências de felicidade, Júlia ficou em sua cidade, onde tinha acabado de sair de uma jornada que incluía: estudos, trabalho e atividade doméstica.

O final de semana chegou, e ela falou a suas amigas:

- Ah! Já que aquele idiota viajou, eu vou é curtir- afirmava Júlia, que recebia incentivo das amigas “festeiras”. A gracinha não tinha o menor talento para ficar comportada. A energia que parecia não ter sido gasta durante o ano, agora era despejada nas festas, juntamente, com suas companheiras. Companheiras?! Tudo isso, enquanto, João vivia seus pendores artísticos e atléticos, dentro de sua humildade e sinceridade.

Mas as coisas mudaram, Júlia começou a ligar freqüentemente:

- Amor, volte logo querido! Parecia sentir saudades, por ser a primeira vez em que proferiu a palavra “amor” para João. Certas atitudes à distância são fáceis- nada que um e-mail ou um telefonema não se encarreguem. Apaixonado e carente, ou talvez se sentindo lisonjeado com a palavra amor, João voltou. Deixou tudo para trás e partiu ao encontro de sua amada. Ao chegar, viveram aquele amor do tipo fogo em palha, logo vieram os desacertos que existiam desde o início da relação, tornando a convivência cada dia mais desentendida.

A palavra amor naufragou para Júlia, ficando à bordo apenas de João, como bem expressava:

- Vamos assistir a um filme?!

- Não- respondia a sua “overdose genética”.

- Então, vamos ao parque?

- Não, eu não estou disposta.

E desta forma permaneceu dia após dia, tempo suficiente para João notar que não era nada relacionado com TPM. No lugar de retribuições de carinho e afeto, havia cobranças- não de amor, mas sim de objetos.

Passando por tudo isso, João já imaginava:

- Eu quero mesmo, é começar a trabalhar. Namorar é uma complicação!

Tiago Caldeira da Silva

Caldeira Silva
Enviado por Caldeira Silva em 29/12/2008
Código do texto: T1357867
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