Ser ou não ser...Igreja???

Anos atrás, fui convidado a dar uma palestra, em um encontro de jovens, onde o tema que eu deveria discorrer era ‘’Igreja’’.

Pesquisei, li e conversei com várias pessoas para desenvolver o assunto que, até então, era muito simples de se entender mas extremamente difícil de explorar ou tentar definir em palavras. O que poderia eu (garoto) dizer da casa do Senhor? Um lugar agradável onde pessoas confraternizam e agradecem pela vida? Um local onde todos (pobres e ricos, pretos e brancos) eram iguais aos olhos de Cristo? E aos nossos olhos? Com o passar do tempo descobri que, ‘’Igreja’’, era algo muito mais profundo do que um simples espaço físico ricamente enfeitado e adornado, que a verdadeira ‘’Igreja’’ estava dentro de nós, em nosso coração pois, somos – irrevogavelmente – a casa do Senhor. O velhinho desamparado, o aleijado, o doente e, mesmo, o pecador não precisam (obrigatoriamente) irem até a “Igreja” pois, a fé, o amor e a fraternidade os tornam templo de Deus. Começa aí o questionamento.

Se somos a Igreja, acreditamos nos ensinamento de Cristo, temos fé em Deus e ele está em todo lugar, por que nos reunirmos em prédios suntuosos (muitos com adornos em ouro e acentos em couro importado, como a Candelária) com altares em mármore italiano, vitrais caros e som de primeiro mundo? Não é como se estivéssemos adorando um Bezerro de Ouro novamente? Por que os carolas (ferrenhos defensores da fé e dos padres) que se dizem irmãos perante a Cristo discriminam pessoas da própria comunidade? Ora, o amor de Cristo não nos uniu? Se os padres tem a missão de arrebanhar as ovelhas desgarradas, dar continuidade aos ensinamentos de Cristo e difundir o amor entre os irmãos, por que agem de maneira onipotente? Quantos lares da nossa comunidade tiveram o privilégio de receber a visita do padre (nem que seja para um simples bate papo) ou ele não se mistura as ovelhas? Quantos padres, pastores e afins foram socorrer as vítimas de Santa Catarina, se oferecer como voluntário, levar uma palavra de fé e esperança ao irmãos que tanto precisavam, quanto, a mesma Igreja que tira dos cristãos; seja em oferendas ou dízimo, doou aos necessitados? Talvez por essas atitudes é que mais e mais pessoas vão tomando outros rumos, se apegando a outras crenças, perdendo a fé e a esperança, se rebelando contra tudo e contra todos deixando se levar pelo ódio e indignação de ser mais um excluído da comunidade e, desse modo abdicando de ser Igreja para fazer parte da estatística crescente de violência.

Quando uma comissão (organização ou outro nome qualquer) realiza um desfile de modas, das “confecções da cidade”, e deixa de convidar este ou aquele empresário do ramo, não só está discriminando aquelas empresas como também todas as suas funcionárias (costureiras, modelistas, empacotadeiras, etc.) que se sentem desprezadas pela exclusão inexplicável, ainda mais quando esta mesma comissão, em detrimento de empresas do município, convida uma de outra cidade. Sei que não vou mudar a cabeça dos hipócritas que, acreditam piamente que; colocando a roupinha de missa, se abraçando e se cumprimentando (com um gesto de comunhão fraternal); são o máximo mas, pelo menos deixo aqui o meu protesto a uns e o reconhecimento àqueles que mesmo na necessidade não deixaram de doar sua parte, que se ofereceram como voluntários para acalmar a dor de outros tantos, que deixaram suas famílias para estarem junto aos necessitados enquanto a ``Igreja`` por sua vez mandou apenas um recado através do Papa...depois vivem dizendo: “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!

Wilson Silvério