Um senhor mal vestido

Um senhor mal vestido, vestes sujas e rasgadas e ausência de sapatos, e com um olhar desesperado entra no ônibus. Começa a falar alto de modo que todos pudessem ouvi-lo.

_Hoje é o último dia! O dia em que o céu encontrará a terra chegou! E não há o que possamos fazer, todos estamos mortos.

Todos olham condenando-o. Sinto seu mau cheiro de quem há muito não toma banho, porém não fede a bebidas. Ele prossegue seu discurso.

_Às dez horas de hoje um astro penetrará na atmosfera terrestre e se irá se chocar com a superfície do nosso planeta. Não haverá sobreviventes assim como os dinossauros seremos extintos! Não sobrará ninguém para contar nossa história.

Em seguida o velho desce do ônibus, atordoado tenta atravessar a avenida, mas outro veiculo o atropela. Todos se agitam procurando uma fresta para ver o corpo estirado na própria poça de sangue.

Penso enfim que o velho obteve seu momento de astro, pois agora todos olham para ele interessados pra saber como ele está. Viro para a moça que ao meu lado permaneceu indiferente a tudo e falo:

_O mundo acaba hoje às dez da noite!

_Pois é.

_E eu estarei sozinho em casa...

_... – suspiro –

_Pra minha ou pra sua?

_Sua.

Eduardo Henrique Bindewald
Enviado por Eduardo Henrique Bindewald em 28/12/2008
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