Presente Inesperado

O Sapo cansado de nadar em seu lago cristalino esfregou suas patas uma na outra e foi passear pela fazenda, olhando o movimento e sentindo os raios dourados do Sol a secá-lo. Avistou ao longe o Pedrinho, sentado em uma pedra, com os seus pulos rápidos foi ao encontro do garoto.

- Olá. Disse o sapo.

Pedrinho olhou espantado.

- Sapo fala?

- Todos os animais falam, inclusive os sapos, porém não são todas as pessoas que nos ouvem. Mas por que estás triste?

Pedrinho abaixou a cabeça e na sua face escorria uma lágrima aparada pelo olhar piedoso do sapo.

- Hoje é dia das crianças e meu pai foi trabalhar, não entendo o porquê de os pais passarem mais tempo no serviço do que com a sua família, será que eles não sabem que os filhos sentem falta da sua presença?

O sapo analisava o que iria dizer para reavivar o coração daquela criança que sofria a ausência do pai.

- Filho os adultos precisam trabalhar para viver, pagar suas dívidas, comprar presentes para os filhos, você não quer ganhar um presente bonito hoje?

De supetão foi a resposta de Pedrinho.

- Trocaria o presente mais bonito por trinta minutos do tempo dele para brincar comigo.

Os dois colocaram-se em silêncio, cada um mergulhado nos próprios pensamentos. O Sapo indagou a si mesmo, será que os pais aproveitam seu tempo livre para curtir as fases de crescimento dos seus filhos ou somente depositam sua atenção em coisas superfulas e não absorvem a alegria e o entusiasmo que apenas as crianças conseguem transmitir?

Não necessitava ir longe para encontrar a resposta, bastava olhar para o rosto tristonho daquela criança.

- Pedrinho? Alguém gritou.

O garoto virou-se, os raios do Sol ofuscou sua visão, não acreditando no que via, seu pai vindo em sua direção com um presente na mão, saiu correndo e pulou nos braços do pai, gritando:

- O senhor não foi trabalhar hoje?

- Não fui trabalhar para ficar com você, não podia deixar sozinho nesse dia tão especial! Exclamou o pai.

Os dois seguiram abraçados para casa. O Sapo surpreendeu-se com a tamanha alegria que envolvia aquele momento e pensou: - Alguns homens merecem ter filhos! Olhou para trás e viu seu sapinho parado olhando para ele, foi ao seu encontro, levantou sua pata e acariciou a cabecinha dele, sentindo a emoção de também ter um filho, apesar dos Sapos não comemorar datas especiais, contudo, perto de seus filhos todas as datas são especiais. Os dois Sapos seguiram seu passeio pela Fazenda saltitando e cantando o dia maravilhoso que o maestro Sol proporcionava.

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Osvaldo Valério
Enviado por Osvaldo Valério em 28/12/2008
Reeditado em 06/01/2009
Código do texto: T1356492