As Deusas e nós.
 



     Que eu gosto de Mitologia eu já contei. Inclusive já escrevi alguma coisa a respeito. Poemas, crônicas. Mas o que mais me fascina é o estudo da psicologia feminina por meio do estudo das deusas. Os arquétipos, o modelo primordial.
     São seis os principais tipos de deusas, cada uma representando um conjunto de características da mulher moderna. Da mulher, embora em tempos de antanho elas não pudessem se revelar tanto. Participei de algumas oficinas de autoconhecimento onde o que se buscava era encontrar qual deusa mais se assemelhava a cada uma das participantes. E o incrível era observar as semelhanças com cada uma de nós. Eu por exemplo já consigo me identificar. E com isso ter uma compreensão melhor de mim mesma.
     A mulher Atena,  é aquela que busca antes de tudo o mais a sua realização profissional. É uma mulher urbana. As profissões que escolhe estão sempre ligadas a educação, a cultura, a justiça social e a política.
     A mulher Afrodite está primordialmente ligada aos relacionamentos humanos, à sexualidade, a intriga e ao romance, a beleza. É a inspiradora dos grandes artistas e ela própria uma artista.
     A mulher Perséfone é ligada ao espiritual, ao mundo do ocultismo, as experiências místicas e visionárias. Tem fascínio pela morte. Tem poderes mediúnicos, paranormais.
     Ártemis é a mulher prática, atlética, aventureira. Cultua o físico, a solidão, a vida ao ar livre. Dedica-se a proteção do meio ambiente, seja ele animal, vegetal ou mineral. Gosta de estilos de vida alternativos e viveria bem em uma comunidade de mulheres.
     Já Deméter é a mulher que gosta de ser mãe, de amamentar, de cuidar das crianças, alimentar. É a protetora.
      A mulher Hera ama estar casada e se deixar vira também uma casamenteira. Gosta de conviver com os homens, de cuidar. Por isso é boa também nas questões de chefia. Preocupa-se com a moralidade social. É a verdadeira matriarca.
          Essas são as linhas gerais, mas é claro que embora tenhamos as características principais de uma deusa, somos influenciadas em maior ou menos grau por todas. A paixão nos torna a todas Afrodite embora as características dominantes em nossa maneira de ser não sejam as dessas deusas. Quando agimos inspiradas por um ideal são as características de Atenas que predominam e ao nos tornamos mães são as características de Deméter as dominantes.
    As deusas também se complementam, formando duplas: Atena e Ártemis, as Independentes, embora a primeira seja extrovertida e a segunda introvertida. Hera, a extrovertida e Perséfone, a introvertida, formam a dupla do Poder. E finalmente, Afrodite (extrovertida) e Ártemis (introvertida) formam a dupla amorosa.
     Para cada tipo de deusa, ou de mulher, corresponde um tipo de homem: Atena se liga principalmente aos homens companheiros (ela precisa admirá-los) ou aqueles que lhe relembram o pai. Afrodite precisa de homens de sucesso e se sente feliz com relacionamentos múltiplos e casos extraconjugais. Casa-se e separa-se conforme lhe for conveniente. Atrai homens criativos e se tornam musas inspiradoras. Perséfone fascina-se mais pelo lado espiritual dos homens. Atrai os autodestrutivos. Gosta também de homens bem jovens dos quais poderá cuidar como mãe e amante. Já Ártemis não precisa que um homem a complete. Mas gosta de estar ao lado de um homem-companheiro. Não procura casamento, mas o aceita se sua liberdade for respeitada. Deméter não se preocupa nem com sexo nem com a intelectualidade. Seu homem tem que ser um provedor. Trazer para casa o pão de cada dia. Por outro lado cuidará dele como se cuida de um filho. Amado e Admirado. Hera quer um sócio-companheiro. Poderes divididos. Quer homens fortes e bem sucedidos. Líderes. É a mulher certa para os políticos. É monogâmica. Casamento para ela é para toda vida, sem relacionamentos extraconjugais. Por parte dela. É capaz de aceitar as traições do marido desde que o casamento não esteja em risco. Transforma-se na matriarca da família.
    Não sou especialista em deusas, longe disso. Mas gosto do assunto. E tenho um livro muito bom que releio de vez em quando. É nele que busquei estas informações e as reescrevi ao meu modo. O livro é A Deusa Interior, de Jennifer B. e Roger J. Woolger. No final ele apresenta inclusive uma filmografia para quem se interessa pelo assunto relacionando protagonistas com as deusas equivalentes. Entre elas vou citar apenas algumas, encontradas na ficção e na vida real, ma só para despertar a curiosidade: Anna Karenina, Scarlet O’Hara e Madame Bovary são Afrodite. A poetisa Sylvia Plath, Perséfone. Também Frances Farmer, atriz e a mãe de Eugene O’Neill. Jane Goodall, uma mulher que viveu entre os chimpanzés para estudá-los e Dian Fossey, que foi viver em Ruanda para proteger os gorilas, seriam Ártemis, bem como a escritora Isak Dinesen. Já Cleópatra seria Hera.
Vale à pena ler mais sobre o assunto. Na medida do possível publicarei alguns poemas que fiz dedicados a cada deusa.