O AMOR DOS VINTE ANOS...
Este ano algo mudou, ou se quiserem, algo quebrou dentro de mim, originando uma mudança que penso decisiva no meu futuro afectivo.
Desde que me apaixonei pela primeira vez nos princípios da minha adolescência que segui um padrão: imensa entrega à paixão, se calhar demasiada, mas sempre entrei com tudo, para o bem ou para o mal.
Isto é bom e é péssimo.
É bom porque voamos para céus e universos imensos difíceis de explicar, é mau, porque imaginem o tamanho da queda da coisa quando acaba o voo…
São feridas de uma dor imensa difícil de explicar, dores que passam, mas que deixam marcas que duram meses, anos ou duram para sempre, embora tenha aprendido que “para sempre” é apenas uma figura engraçada a nível poético, mas que nada, nada dura para sempre…
Entrei nos trintas e continuei a amar com a jovialidade dos verdes anos e com os erros destes, não me importando, porque o acto de amar em si superava as dores consequentes ao inevitável fim.
Até este ano, ao seu final.
Apesar do corpinho ter algumas marcas próprias da idade, o espírito está intocável, excepto em alguns pequenos pormenores.
Ora são esses pormenores que começam a fazer toda a diferença.
Desde que amei pela primeira vez passaram por mim algumas paixões onde misturava o mental com o físico e demasiadas só mentais, escrevi quase 1000 poemas de amor e se calhar perto de 80 contos subordinados ao mesmo tema, chorei baldes de lágrimas que tive de esvaziar para o meu barco pessoal não ir ao fundo e prosseguir em frente…
Seguir em frente…
Frase simples, mas que sempre me caracterizou, pois passei por péssimos momentos, mas sempre soube sair deles com inusitada rapidez, sendo que com a idade a recuperação tem sido cada vez mais rápida apesar da dor excruciante das feridas já mencionadas.
Nunca, nunca deixarei de amar, e estou convencido que mesmo no lar de idosos onde irei terminar os meus dias arranjarei umas paixonetas…pois tal me está no sangue, a menos que entretanto descubra um amor definitivo e que com ele passe o resto dos imensos dias que desejo ter ainda pela frente.
Mas este ano perdeu-se a forma de amar típica dos 20 anos, para minha grande pena, porque francamente gostava dela, apreciava o frémito de jovialidade pura e até inocente que me invadia…
Acabou porque não me volto a entregar totalmente a menos que tal seja recíproco, acabou porque todos temos que seguir um rumo diferente em relação ao nosso destino, pelo menos uma vez na vida, e as opções estão feitas.
Sim finalmente cheguei aos 30 anos, com algum tempo de atraso, mas acabei por chegar…
Além do mais ando demasiado ocupado a escrever 4 livros, no trabalho e com a família e amigos (as) mais próximos aos quais me decidi dedicar com, se calhar, algum tempo de atraso, mas agora com a máxima força e plena dedicação.
Como já escrevi algures, não fecho a porta ao Amor, nunca o farei, mas este terá que ser mais incisivo para lhe cair nos braços sem pensar nas devidas consequências…
Amo amar, passarei a olhar com algum saudosismo as paixões dos vinte anos, sabendo que as vivi duma forma portentosa, mas sabendo que as vi morrer com uma cadência própria dos imortais, se estes existissem…
Haverá sempre um conto, um poema, um pensamento de amor pronto a sair de mim, até ao fim dos meus tempos, sempre, mesmo que me arrisque (apesar de todas as precauções tomadas…) a ver “esses momentos perderem-se no tempo como lágrimas na chuva…”