CRÔNICA DE UM AMOR PERDIDO

Tinhas completado recentemente 17 anos e eu 20. Dois jovens adolescentes. Eu ainda menino estava vivendo as primeiras emoções de minha vida adulta e deslumbrado com as experiências que vivia com mulheres.

Você parecia ser mais uma delas, e eu estava feliz com tudo o que me acontecia. No entanto, tarde demais descobri que não eras mais uma, mas sim a única que resistiu tanto tempo nas minhas lembranças e eu ainda lembro os poucos beijos que trocamos...

Passou-se aproximadamente 40 anos e eu nunca mais te vi. Tive muitos amores. Vivi outros tantos e por muitos anos achei que tinha amado alguém, mas eu acho que o fato de não ter te amado, no sentido “homem-mulher” me impediu de ter amado verdadeiramente outras mulheres. Eu fiquei com uma sensação de vazio. Talvez por não ter vivido uma grande felicidade (idealizada) deixei passar pequenos momentos felizes e na minha memória restou uma sensação de dever não cumprido.

Eu ainda hoje me pergunto se você foi minha alma gêmea que perdi e que somente em outra vida vou reencontrar? Eu fiquei sem respostas de como seria fazer amor contigo ou até mesmo trocar carícias mais salientes, carícias de adultos e não somente de adolescentes quando descobrem o amor, mas que ainda não sabem direito o que fazer com a energia que explode de dentro de seus corpos...

Às vezes eu penso como seria encontrar com você nos dias atuais? Será que eu te reconheceria? Será que aquele amor idealizado ainda sobreviveria? Ou será que eu fugiria de tuas rugas, teus cabelos brancos ou da criatura obesa cheia de filhos e netos? E você o que sentiria por mim que já não sou um menino? Um homem que depois dos 30, 40 anos tornou-se barrigudo como todos os de sua idade? Será que ainda existiria alguma química aquele beijo, caso eu te devolvesse?

São todas perguntas que não têm resposta e que eu terei que ir um dia embora, levando como somente questões não vividas...

MÁRIO FEIJÓ
Enviado por MÁRIO FEIJÓ em 27/12/2008
Reeditado em 12/04/2013
Código do texto: T1355265
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