Hoje é meu aniversário
Hoje é meu aniversário.Dia vinte e seis de dezembro. Em trinta e dois anos de vida, frases que sempre ouvi:
-Um dia depois do Natal?
-Ganha um presente só, né? De Natal e de aniversário!
Quanto aos presentes, para quem ficou curioso, dos meus pais sempre recebi dois; depois que me casei, o marido passou a me presentear duplamente também.
Nesta data, geralmente, desde a minha adolescência, meus pais costumam descer ao litoral:
- Logo depois do Natal a gente não pega trânsito! - diz meu pai.
Lembro de mim com doze ou treze anos, emburrada na viagem porque ninguém se importava que era o dia do meu aniversário.Chegando ao destino, às vezes minha me comprava um bolinho na padaria e cantávamos o tradicional "Parabéns pra você" com o número reduzido de convidados.E só.Depois, iam dormir aquele soninho à tarde, porque após tanta comida, bebida e animação na véspera e no Natal, todo mundo queria mais era sossego. Passei a ignorar a data, não me importar mais, até que me casei.
-Vou fazer de tudo para você gostar mais da data do seu aniversário - prometeu meu marido ainda no namoro.Ele só não havia se dado conta que ele trabalharia na data, meus pais insistiriam para eu viajar com eles e só nos veríamos no Ano Novo! Nada havia mudado.
Felicitações dos amigos sempre foram poucas. Geralmente, estão viajando nesta data. Ou só se lembram quando passou:
-Ai, Maria, desculpe-me, acordei de ressaca, esqueci de te ligar!
-Feliz aniversário atrasado!
Agora que tenho Orkut, melhorou um pouco. Recebo recadinhos assim:
“Oi, querida. Não vou estar aqui no dia do seu aniversário, mas quero te desejar antecipado muito amor, paz, saúde, alegrias. Beijinhos e Feliz Aniversário.”
Houve ocasiões em que eu saí sozinha e só retornei à noite para casa do litoral.Comemorei o dia sozinha, indo ao cinema, vendo vitrine, comprando um mimo pra mim.
Por anos, eu secretamente amarguei esta rotina de aniversário sem glamour, até meu aniversário de trinta e um anos, em 2007.
Perto do Natal, dia vinte e três de dezembro, minha única filha, com um ano e dois meses na época, do nada, adoeceu. E seriamente. Já havíamos levado ao pronto-socorro na mesma semana, mas ao retornarmos ao hospital, o susto: ela ficou internada.E na UTI!
Foi o Natal mais triste e mais agradecido que passei na vida. Explico: triste porque vi a minha filha debilitada; agradecido, porque entendi o que era solidariedade naquele dia: senti o apoio da equipe médica, fazendo de tudo para amenizar o sofrimento dos pais e principalmente das crianças internadas.Eram cinco bebês.Todos com menos de dois anos.Teve ceia e tudo.
Meu presente de aniversário, o melhor de todos que eu já havia recebido na vida, foi a transferência da Heloísa da UTI para o quarto comum.Ela havia melhorado.Que alegria!
Minha filhinha teve alta antes do Ano Novo e finalmente descemos ao litoral.
Esta experiência mudou meus conceitos. Se antes eu reclamava por esta data pouco lembrada e pela viagem justo neste dia, no hospital eu tive saudade desta rotina, de estar com meus pais na estrada, da tranqüilidade do dia, de assistir à sesta deles. Dei valor ao meu aniversário.Dei mais valor ao que interessa.
Nunca escrevi nada no dia do meu aniversário, mas senti vontade hoje.Daqui a pouco, vou para a praia.Graças a Deus.Feliz aniversário para mim.
(Maria Fernandes Shu – 26 de dezembro de 2008)
TRINTA E DOIS ANOS!!!!!!!
Hoje é meu aniversário.Dia vinte e seis de dezembro. Em trinta e dois anos de vida, frases que sempre ouvi:
-Um dia depois do Natal?
-Ganha um presente só, né? De Natal e de aniversário!
Quanto aos presentes, para quem ficou curioso, dos meus pais sempre recebi dois; depois que me casei, o marido passou a me presentear duplamente também.
Nesta data, geralmente, desde a minha adolescência, meus pais costumam descer ao litoral:
- Logo depois do Natal a gente não pega trânsito! - diz meu pai.
Lembro de mim com doze ou treze anos, emburrada na viagem porque ninguém se importava que era o dia do meu aniversário.Chegando ao destino, às vezes minha me comprava um bolinho na padaria e cantávamos o tradicional "Parabéns pra você" com o número reduzido de convidados.E só.Depois, iam dormir aquele soninho à tarde, porque após tanta comida, bebida e animação na véspera e no Natal, todo mundo queria mais era sossego. Passei a ignorar a data, não me importar mais, até que me casei.
-Vou fazer de tudo para você gostar mais da data do seu aniversário - prometeu meu marido ainda no namoro.Ele só não havia se dado conta que ele trabalharia na data, meus pais insistiriam para eu viajar com eles e só nos veríamos no Ano Novo! Nada havia mudado.
Felicitações dos amigos sempre foram poucas. Geralmente, estão viajando nesta data. Ou só se lembram quando passou:
-Ai, Maria, desculpe-me, acordei de ressaca, esqueci de te ligar!
-Feliz aniversário atrasado!
Agora que tenho Orkut, melhorou um pouco. Recebo recadinhos assim:
“Oi, querida. Não vou estar aqui no dia do seu aniversário, mas quero te desejar antecipado muito amor, paz, saúde, alegrias. Beijinhos e Feliz Aniversário.”
Houve ocasiões em que eu saí sozinha e só retornei à noite para casa do litoral.Comemorei o dia sozinha, indo ao cinema, vendo vitrine, comprando um mimo pra mim.
Por anos, eu secretamente amarguei esta rotina de aniversário sem glamour, até meu aniversário de trinta e um anos, em 2007.
Perto do Natal, dia vinte e três de dezembro, minha única filha, com um ano e dois meses na época, do nada, adoeceu. E seriamente. Já havíamos levado ao pronto-socorro na mesma semana, mas ao retornarmos ao hospital, o susto: ela ficou internada.E na UTI!
Foi o Natal mais triste e mais agradecido que passei na vida. Explico: triste porque vi a minha filha debilitada; agradecido, porque entendi o que era solidariedade naquele dia: senti o apoio da equipe médica, fazendo de tudo para amenizar o sofrimento dos pais e principalmente das crianças internadas.Eram cinco bebês.Todos com menos de dois anos.Teve ceia e tudo.
Meu presente de aniversário, o melhor de todos que eu já havia recebido na vida, foi a transferência da Heloísa da UTI para o quarto comum.Ela havia melhorado.Que alegria!
Minha filhinha teve alta antes do Ano Novo e finalmente descemos ao litoral.
Esta experiência mudou meus conceitos. Se antes eu reclamava por esta data pouco lembrada e pela viagem justo neste dia, no hospital eu tive saudade desta rotina, de estar com meus pais na estrada, da tranqüilidade do dia, de assistir à sesta deles. Dei valor ao meu aniversário.Dei mais valor ao que interessa.
Nunca escrevi nada no dia do meu aniversário, mas senti vontade hoje.Daqui a pouco, vou para a praia.Graças a Deus.Feliz aniversário para mim.
(Maria Fernandes Shu – 26 de dezembro de 2008)
TRINTA E DOIS ANOS!!!!!!!