Museu de Grandes Novidades
Ás vezes a vida nos prega peças obrigando-nos a uma mudança de hábitos radical. E porque mudar, para o ser humano, é tão complexo? O cérebro já está tão automatizado à rotina diária que qualquer expectativa de mudança lhe é enfadonho. Penso que devemos estar abertos a receber as novidades, às mudanças de hábitos, pois, de quando em vez, elas se fazem necessárias. Um bom exercício, tenho até me utilizado dele ultimamente, é mudar a rota de todo dia. Por exemplo, o escritório onde eu trabalho é bem perto de minha casa. Eu, como a maioria dos exemplares do sexo feminino, preocupo-me um pouco com a boa forma, tenho o hábito de ir trabalhar todos os dias caminhando. Resolví, de uns tempos para cá, mesmo encompridando o caminho, mudar vez em quando a rota, às vezes pela rua de baixo, outras pela de cima, quebro uma quadra ali, outra aqui. Não é assim a coisa mais emocionante do mundo, mas é incentivar o cérebro, paradoxalmente, a acostumar-se à mudança. Outro bom exercício, aliás estou precisando realizá-lo, é desvencilhar-se das coisas que não tem mais utilidade para nós. Mobílias, roupas, sapatos, essas que estão só ocupando espaço (que já é restrito) lá em casa. Doar o que talvez para outrem seja mais útil, além de ser um ato de generosidade (um pouco suspeito, mas tudo bem) abre espaço para recebermos o novo. Lógico que esses objetos são inofensivos, mas o simples fato de guardá-los remete ao nosso inconsciente o quanto somos incapazes de conquistar coisas novas, pois temos que guardar, por talvez algum dia, de alguma forma possamos vir a precisar deles. O mundo está em renovação constante, como bem cantou meu amado poeta Cazuza, o tempo não para, e cada vez mais, encontramos museus de grandes novidades. Caminhemos juntos com o tempo, libertemo-nos dos entraves substanciais e emocionais e deixemos o novo renovar os nossos corações e mentes.