SO FARAWAY*
Uma das piores cousas para fazer, quando não se tem nada a fazer, é ser realista. Horário do Brasil, programas chatos, estudos interminados, músicas enjoadas e aí é que você é tomado por um tédio, um tédio profundo, que chega a uma depressão. Tento fugir disso e... escrevo, às vezes escrevo bobagens e só depois me ligo. Mas nem me importo, pelo menos faço algo enquanto ouço sons horríveis, que podem ser ou não de um rádio com pilhas fracas ou, um programa chato.
É imprescindível voltar a realidade, mas se bem que eu preferiria ser um destroço de qualquer cousa em qualquer lugar, vagando, preferiria não pensar, não sentir, não olhar, não escutar... Mas o som daquele programa, a risada forçada e a luz fraca, como a chuva... que já não se decide se fica ou vai embora... Enquanto a bruma vai baixando, as horas vão correndo e amanhã já é outro dia, um outro dia para outra decepção... o que mata é a realidade, não gosto de ser realista, mas se não for...quem acabará com essa dor? Quem irá me dizer que as cousas não são bem assim? Assim como?
Se a realidade também já não se decideverdadeiramente o que é... pensando e analisando melhor, nós não sabemos o que somos. Se sabemos, então o que somos? Ninguém tem respostas para tudo, basta perguntar. Se vai ter ou não resposta, não me interessa, prefiro ficar desligada do que ouvir uma cousa sem nexo com o que quero saber. Já é tarde e , quem se importa comigo? Quem contará as heras para um dia saber que horas já foi?
Num súbito momento de silêncio, toda a minha imaginação é quebrada por um som... um som de um programa chato.
Gramado/2005