Então, é natal!

Apesar da minha origem Judia, minha família era cristã, não diria ortodoxa pois essa é outra corrente, mas muito fervorosa mesmo. Morávamos num canto de mundo esquecido por Deus, onde missa só havia uma vez por mês, mesmo assim, a “carolice” era tamanha que se organizava uma espécie de missa, chamado de terço, impressionantemente, ministrada por uma senhora, talvez sem o conhecimento do retrogrado clero, a primeira e única sacerdotisa católica que eu conheci. Sempre fui rato de igreja, estando sempre presente nas atividades eclesiásticas a ponto de cogitarem minha ordenação.

A família numerosa se reunia em torno do patriarca, meu avorrai, nas vésperas do natal, dependendo dos feriadões, chegava uns, e saiam outros até depois do ano-novo, poucos faltavam. Usávamos a metáfora dos reis magos para reunir a família, sem se importar com a presença ou não de presentes, aliás, nem ligávamos, natal a presentes, era como se fosse duas coisas bem distintas.

Hoje somos atropelados por uma maré de desafortunados torrando seus minguados dobrões nos shoppings deste Brasil varonil. Estamos nos distanciando cada vez mais, e as relações pessoais se esvaem no ralo, assim como nossas miseras moedas de fim de ano. Sempre aparece nestas vésperas natalícias, um bando de aproveitadores, a doar presentes a crianças carentes, como se fosse disso que elas precisassem. Alguém me dirá, certamente ou seria pretensão minha, que as crianças precisam sorrir. Mas com casa, comida e segurança, até o defunto ri a toa.

Sinceramente, medidas paliativas não mais. Chega. Basta! Já era. Vamos inventar um meio de estarmos mais próximos de nossos entes queridos, antes que nos próximos natais, nós tenhamos que vender a alma ao diabo para presentear nossos cães, já que a distancia dos seres ditos humanos, nos torne filhos de chocadeiras. Só os cães acompanharão a ganância e a cobiça, pois nem sabem o que é isso.

Natal  De nascimento; Natalício; Onde se deu nascimento; Cidade natal; Dia do aniversário de nascimento; dia em que se comemora o nascimento de Jesus Cristo.

Até o dicionário se equivoca, já que Jesus, se é que existiu pois nem seus seguidores seguem seus ensinamentos, nasceu no mês de março ou maio, ainda não há consenso, e os cristãos sabem disso. Não acharam correto, porém, comemorar o nascimento próximo à páscoa símbolo da morte do líder máximo da seita, e mataram dois coelhos com uma cajadada só, apropriaram-se dos cultos ao deus sol, nas festividades de Jul no hemisfério norte, entrada do inverno, onde as famílias se reuniam para festejar o fim das colheitas e o inicio da época de gelo intenso.

Aliás, apropriar-se é uma palavra em voga, e não aceita no clero, alguém ai lembra desta historinha:

Os deuses criaram o homem para se aliviar de suas tarefas, e eles viviam muitos e muitos anos, um dia os deuses se cansaram dos homens e resolveram aniquilá-los da face da terra, mas um deus muito bonzinho, Enki, avisa Ziusudra rei de Shuruppak, e o manda construir um navio gigantesco para salvar animais e pessoas de sua volta. Sabem de quem estou falando? Eu voltarei com mais detalhes. Por enquanto “Feliz Gastal”.

J B Ziegler
Enviado por J B Ziegler em 24/12/2008
Código do texto: T1351296
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