CRÔNICAS DE GRAÇA: O Natal
Escrever algo sobre um tema que está sendo comentado exaustivamente em todos os meios de comunicação pode ser uma escolha perigosa. Ainda mais se o tema escolhido for uma data que atrai tantos comentários e divagações como a que estamos presenciando neste momento.
É isso mesmo que você deve estar pensando agora, leitor. Vou aproveitar estas linhas para escrever sobre o Natal, o perigoso e já muito explorado tema do Natal.
Bem, então o melhor é irmos ao que realmente interessa.
Em qualquer lugar que estejamos o para qualquer lado que olhemos, somos bombardeados à exaustão por uma carga massiva de músicas natalinas, casacos vermelhos e neve de mentira e barbas brancas falsas.
Na televisão, nos shopping centers, nas ruas lotadas das cidades, com suas lojas iluminadas abertas até altas horas da noite. Por todos os lados tudo o que se vê é uma tentativa desesperada de agarrar o consumidor e faturar alguns trocados.
E por falar em neve de mentira, não posso me furtar a deixar aqui algumas considerações sobre este tema.
Como aceitar o fato de que, mesmo vivendo em um país tropical que em dezembro apresenta justamente as temperaturas mais altas do ano, as pessoas decorem suas casas e empresas com pinheiros carregados de flocos brancos e esperem ansiosamente um herói vestido com um pesado casaco vermelho, com botas de cano alto e gorro?
Será que não vemos aqui mais um indício da dominação imposta pela cultura consumista norte americana?
Você já parou para pensar, leitor, no real sentido do Natal, o nascimento de uma figura que salvou a humanidade e rege comportamentos em todas as partes do mundo? O Natal deveria ser não mais uma data para aquecer as vendas do comércio, mas um momento de confraternização, doação ao outro e encontro consigo mesmo.
Fala-se tanto no tal espírito natalino, na caridade, na felicidade, no perdão das mágoas causadas durante o ano, mas a verdade, a dura verdade, leitor, é que nos entregamos de corpo e alma ao consumismo indiscriminado e ilimitado, máxima pregada arduamente pelo capitalismo.
Ah, mas estou eu mais uma vez parecendo um velho rabugento. Acalme-se, leitor, pois estas minhas palavras não são dirigidas a você. Não se preocupe com esta caretice de caridade e perdão. Ainda mais agora que você já deve estar temperando as carnes da ceia de Natal. Não se preocupe e aproveite!
Aliás, você já comprou todos seus presentes?